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Postado em: 02/12/2010 - 13h53 | Rede Brasil Atual

MPF espera exumar nesta quinta corpo de comandante Jonas

O Ministério Público Federal espera realizar nesta quinta-feira (2) a exumação dos restos mortais de Virgílio Gomes da Silva, o comandante Jonas, enterrado no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo. O trabalho, realizado em conjunto por MPF e Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, teve início na segunda-feira (29).

As equipes da Polícia Federal conseguiram, após três dias de trabalhos,  reconstituir a localização original dos túmulos, antes da descaracterização promovida, na década de 1970, por agentes da ditadura militar. Acredita-se que Virgílio foi enterrado ali em 1969, logo após ser morto durante sessão de tortura. O comandante Jonas foi responsável pela coordenação política do sequestro do então embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick.
Na ocasião, os agentes do regime fizeram grande esforço para descaracterizar o cemitério, com mudança na numeração, reposicionamento de quadras e plantio de árvores sobre túmulos. Agora, com ajuda de uma retroescavadeira, os policias conseguiram localizar corpos cujas lápides foram retiradas e, na prática, deixaram de aparecer nos registros. Com isso, foi possível restaurar a contagem e indicar a provável localização do túmulo de Virgílio.
 
O sucesso da operação, no entanto, ainda depende de alguns fatores. Em primeiro lugar, é preciso saber se os restos de Virgílio não foram, em algum momento, transferidos para um ossário coletivo. Além disso, caso estejam no local, a possibilidade de identificação do material genético depende de como os ossos estão acondicionados – se estiveram em contato direto com a terra durante todas estas décadas, são reduzidas as chances de êxito.
 
Outros avanços
 
Ao mesmo tempo, as equipes descobriram mais restos mortais em um ossário clandestino que ficava em frente à Quadra 1 do cemitério. Na terça-feira (31), os peritos haviam, após escavarem quase dois metros, chegado a um conjunto de ossadas acondicionadas em sacos plásticos que, provavelmente, eram posteriores ao período da repressão.
 
Nesta quarta (1º), após retirar mais dezenas de sacos destas ossadas, foi encontrado um material sem nenhum tipo de identificação ou separação. Pode ser a confirmação da hipótese que se aventava desde o começo das buscas, indicando que ali funcionou um ossário que abrigou os restos de presos políticos.
 
“Teremos de avaliar como será feita a retirada dos ossos daquele local. Devido à umidade da terra, a conservação do material está muito ruim”, relatou Ivan Seixas, da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, à reportagem.