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Postado em: 04/05/2016 - 13h15 | Daniel Mazola/ Conexão Jornalismo

Michel Temer foi testemunha de defesa do torturador Brilhante Ustra

O nome do torturador veio a tona no dia 17 quando o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ) fez uma homenagem durante o voto que ajudaria a dar prosseguimento ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no Senado. Mas o que pouca gente sabe é que Bolsonaro não é ou foi o único a defender o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Morto há um ano, o coronel que violentava prisioneiras e determinava a violação de seu corpo com o uso de animais roedores foi defendido também, na figura de testemunha de defesa, por Michel Temer. O atual vice-presidente, sobre quem recai a pecha de traidor da presidenta por defender sua destituição, foi arrolado para testemunhar a favor de Ustra ao lado de Paulo Maluf e do ex-presidente da CBF, José Maria Marin – que foi preso nos EUA por envolvimento em recebimento de propina. A notícia foi divulgada pelo jornalista Daniel Mazola, na Tribuna da Imprensa Online de dois de abril de 2014. O texto é reprodução do original. Leia abaixo.

 

Localizamos o elo desses proeminentes canalhas! Onde estariam elencados, lado a lado, os nomes de José Maria Marin, presidente da CBF, do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo e último governador de São Paulo durante a ditadura militar; Paulo Salim Maluf, notório político da Arena, duas vezes prefeito de São Paulo e atual deputado federal pelo Estado; e Michel Temer, ex-titular da pasta de Segurança Pública do Estado de São Paulo, seis vezes deputado federal pelo PMDB e atual vice-presidente da República?    

Os três proeminentes nomes da política nacional constam arrolados como testemunhas de defesa do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra. O caso tramita na 9a vara criminal da Justiça Federal de São Paulo, e refere-se à denúncia pelo sequestro de Edgar de Aquino Duarte, apresentada pelo Ministério Público em outubro de 2012. Edgar ficou preso ilegalmente tanto nas dependências do Destacamento de Operações Internas do II Exército (Doi-Codi) quanto no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), até meados de 1973.

Em 2008, o Coronel Ustra foi declarado como “torturador” em inédita decisão expedida pela 23a Vara Civil, e confirmada em 2012 pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Ustra foi responsabilizado pelas torturas cometidas no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) que comandou entre setembro de 1970 e janeiro de 1974.         

Segundo consta no acompanhamento processual do site da Justiça Federal de São Paulo, as testemunhas de defesa de Ustra no caso de Edgar de Aquino Duarte já teriam sido ouvidas, e uma nova audiência de instrução e julgamento está marcada hoje, 2 de Abril, às 14h. O que teriam dito nos autos as proeminentes figuras arroladas em defesa de Ustra?

Em tempo: realizou-se no dia 31 de março, um ato de repúdio (ou escracho) em frente à casa do judicialmente declarado torturador      

DITADURA NUNCA MAIS             
Cerca de mil 1500 pessoas participam da manifestação ontem no centro do Rio de Janeiro. A maior parte do tempo ficaram concentrados nas imediações do Clube Militar, desde as 17h. A manifestação, claro, foi contra o Golpe Militar-Civil-Empresarial apoiado pela CIA, que completa 50 anos. No mesmo momento muitos Professores da Rede Estadual e Municipal de Ensino do Rio, também fizeram uma marcha em defesa da Educação Pública.    

Entre os milhares que participaram do ato, estavam estudantes, professores, trabalhadores, partidos políticos, centrais sindicais, movimentos estudantis, e representantes de diversas entidades. Grupos anarquistas também participaram, além de inúmeras pessoas contrárias à “página infeliz da nossa história”, como cantou Chico Buarque no samba “Vai passar”.              

Representantes da comissão de Direitos Humanos da OAB que estavam na manifestação, criticaram a forma como a Polícia Militar agiu durante o legítimo e necessário ato contra as comemorações do Golpe. “O diálogo com a PM hoje foi muito difícil. Alguns dos policiais se recusaram a informar quem estava no comando da operação. Todo tipo de informação que tentávamos obter se tornava inviável. Não conseguimos falar com os detidos e nem ver suas fisionomias. Isso é um absurdo”, afirmou Rodrigo Assef.             

De acordo com os manifestantes, os PMs estavam detendo pessoas sem qualquer tipo de acusação. A abordagem aos ativistas foi testemunhada por diversos jornalistas e manifestantes, que classificaram como arbitrária e extremamente truculenta. Por volta das 19h, bombas de gás lacrimogênio foram lançadas contra manifestantes que se aproximavam do Clube Militar. O ato foi acompanhado todo o tempo por policiais não identificados.              

Uma série de escudos que lembravam os utilizados pela repressão, formaram uma linha do tempo com os fatos ocorridos no período. Um dos escudos destacou o Ato Inconstitucional nº 5, responsável pelo fechamento do Congresso em 1968.       

A trilha sonora do ato foi: “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré.