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Postado em: 28/02/2013 - 11h50 | CUT

Lula pede atuação unificada da comunicação sindical para garantir autonomia perante a velha mídia

Com a presença de todos seus ex-presidentes, de prefeitos, ex-ministros e de Lula, a Central Única dos Trabalhadores deu início à comemoração dos 30 anos em reunião da direção nacional na manhã desta quarta-feira (27), em São Paulo



Um dos fundadores da maior entidade sindical da América Latina, Lula falou sobre o papel da CUT na redemocratização do Brasil, na ampliação de direitos e citou a importância de a comunicação atuar de maneira articulada para vencer o bloqueio da mídia conservadora.



“Não vivo reclamando do espaço que me dão, agora eu reclamo do que falta fazer para ter o espaço que quero, independente deles”, afirmou Lula, referindo-se aos veículos da velha mídia.



Segundo ele, o movimento sindical produz muito, mas de maneira desarticulada.



“Temos uma arma poderosa e totalmente desorganizada. Temos que mapear a quantidade de panfletos, jornais, revistas rádios e sites que já existem. Por que a gente não organiza o nosso espaço, porque não começa a organizar a nossa mídia, porque não tentamos organizar um pensamento mais coletivo, unitário? Temos condição de fazer isso e o movimento vai precisar. Não temos que pedir favor”, definiu.



Sem pedir licença



Lula lembrou que a criação da Central foi um ato de ousadia e desobediência e que o “radicalismo” não pode perder espaço.



“Quando a CUT foi fundada, diziam que era muito radical, mas era necessário ser radical para ser firmar. Porque as pessoas não convidavam a gente para a festa deles, precisávamos falar grosso para as pessoas deixarem subirmos um degrau. A CUT não pode perder radicalidade e isso não significa ser sempre do contra, mas, que no final do ano tenha cesta de acúmulo da classe trabalhadora. A “peãozada” espera de vocês, seja numa escola, num banco, numa repartição pública, que conquistem para eles o que precisam e o que querem, não apenas o discurso”, lembrou.



 

Para ele, é necessário imaginar um país sem a Central para ter a noção da sua importância.



“Não é pouca coisa num Brasil com tão pouco experiência democrática uma central completar 30 anos. Estamos vivendo o mais longo período democrático. Se pegarmos a constituinte, são 25 anos. Fomos construindo a CUT com gestos, atitudes e quase 100% das nossas ações contrariavam a legislação sindical vigente, quase uma cópia da Carta del Lavoro, de Mussolini.  Fomos fazendo as coisas sem pedir licença, arrancando pedacinho por pedacinho sem pedir licença. Inclusive aqueles que saíram da CUT por crítica teriam que avaliar se conseguiríamos o que conseguimos sem a CUT, não apenas a conquista material, um aumento de salário, horas a mais ou menos, mas o alto grau concentração política que a Central conseguiu imprimir à classe trabalhadora.”



Referindo-se ao presidente da Central, Vagner Freitas, Lula comentou que acredita num mandato exitoso por conta da disposição do governo em atender as tratativas dos trabalhadores e porque, acredita, a economia brasileira e a massa salarial vai continuar crescendo, “apesar dos que torcem para dar errado.”



De olho no futuro, o ex-presidente afirmou que a entidade deve estar sempre preocupada em investir na inovação de pensamento, da pauta de reivindicação e, principalmente, não esquecer nunca de manter-se em seu lugar.  



“A direção nacional tem que viajar esse país, que é muito desigual, nós temos muitos “brasis”. Façam reuniões que tiverem que fazer, a luta interna que tiverem de fazer. Mas, que sempre ao final vá para a rua. O lugar da CUT é nas ruas.”



Comunicação é prioridade



Presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, lembrou lutas históricas comandadas pela CUT: as greves gerais contra o arrocho salarial e planos econômicos, contra as políticas neoliberais e as privatizações de Collor e FHC – e pelo impechment do primeiro –, a defesa da reforma agrária por meio de mobilizações como o Grito da Terra, na década de 1990, e as marchas que resultaram na política de valorização permanente do salário mínimo, contribuindo para tirar milhões de brasileiros da pobreza.



 

O dirigente citou ainda as prioridades do partido para o próximo período, temas que também integram a agenda de lutas da CUT: a reforma política e a democratização da comunicação.



Haverá uma coleta de assinaturas para uma emenda popular legislativa a favor do financiamento público de campanha, das listas partidárias, para a ampliação do espaço da mulher na política e da participação do povo nos espaços de decisão do governo.



No caso da comunicação, Falcão lembrou que o PT integra a campanha encabeçada pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), do qual a CUT faz parte, que também luta por uma emenda popular legislativa pela democratização dos meios de comunicação, um dos eixos estratégicos do Congresso Nacional da Central (CONCUT), em 1991.



“Vamos percorrer o país com Lula e Dilma para debater com população o que significam as transformações e conquistas da última década.”



Defasagem de lideranças e institucionalização das conquistas



Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, o momento é propício para que a classe trabalhadora amplie o espaço de atuação.



“O capitalismo não se mostra capaz de resolver os problemas da humanidade. A crise econômica demonstrou isso e as grandes lideranças do mundo estão perdidas, incapazes de apresentarem alternativa. Chegou o momento de ocuparmos espaço de protagonismo na conjuntura mundial. Temos condições de apresentar propostas e ideias muito mais efetivas”, acredita.



Freitas ressaltou também que a Central deve manter-se autônoma, mas, sem jamais deixar de assumir posições.



“A CUT é uma central independente, mas tem lado e é o do projeto que construiu um país com justiça social nos últimos 10 anos, tirando trabalhadores da miséria.”



Secretário-Geral, Sérgio Nobre, acrescentou que é preciso manter a relação com os partidos para que as conquistas sejam institucionalizadas.



“Precisamos transformar em lei aquilo que conquistamos”, disse.



Homenagens – O primeiro coordenador da Conclat, Avelino Ganzer, o primeiro secretário de Imprensa e Divulgação, Gilmar Carneiro, a primeira mulher a coordenar um CONCUT, Mônica Valente e a primeira mulher a ocupar uma secretária nacional, Rosiver Pavan, foram homenageados. Funcionário mais antigo da CUT, Gilmar Burgani também recebeu uma placa como agradecimento aos trabalhadores que ajudaram a construir a história da Central.



Por fim, todos os ex-presidentes – Jair Meneguelli, Vicentinho, Luiz Marinho, Kjeld Jakobsen, João Felício, Artur Henrique – e o atual, Vagner Freitas, também foram homenageados.



O próximo palco das comemorações é, como pregou Lula, as ruas, no dia 6 de março, em uma grande marcha por Brasília.