Lula, intelectuais e lideranças apontam eleição de Haddad como ‘estratégia anti Temer’
Em evento realizado na noite de ontem (27) na Casa de Portugal, centro de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras lideranças destacaram a necessidade de levar a candidatura do prefeito Fernando Haddad ao segundo turno e à reeleição pela força política da cidade no enfrentamento ao governo de Michel Temer e à ameaça a direitos e conquistas sociais no país. “Precisamos ter um prefeito sério e responsável governando a cidade mais importante da América Latina para fazer frente aos pacotes do Temer para tirar dinheiro da educação e saúde”, disse Lula.
Haddad afirmou que a eleição deste ano tem importância crucial para a cidade decidir entre o passado e o futuro. “O que está em jogo é se a gente continua rompendo um paradigma que vigorou (em São Paulo) desde o pós-guerra, ou se vamos retomar o projeto velho que sepultamos em 2012. Eu não estou a fim de abrir mão desse sonho”, disse o prefeito.
Segundo Haddad, os eleitores vão decidir se querem a privatização da cidade ou continuar a transformação iniciada em sua gestão. “São Paulo pode liderar uma transformação.” Ele citou, entre outros, o programa “De Braços Abertos” como exemplo de projeto que humanizou a cidade, ao resgatar “pessoas de uma condição sub-humana”.
O prefeito provocou o tucano João Doria. “No segundo turno não vai dar pra dizer ‘eu não sou político, eu sou gestor'”. Doria tem reforçado a ideia de afastar a política da administração pública: “Não sou político, sou empresário”, declarou o candidato do PSDB em entrevistas.
Confiança
O prefeito também se mostrou otimista em relação à disputa. “Em 2012, todos os institutos de pesquisa nos colocaram fora do segundo turno. Até domingo a bola está rolando em campo. Nós vamos pra rua”, conclamou. “Vai ser muito divertido ir para o segundo turno. Porque aí não tem essa de cinco contra um, é tête-à-tête, mano a mano”, disse.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, também atacou João Doria. “Tem candidato a prefeito de São Paulo que é inimigo da classe trabalhadora, que persegue a classe trabalhadora. E vai no horário eleitoral dizer que começou a trabalhar com 15 anos de idade, defende os trabalhadores, diz que é o ‘tucano trabalhador’. Quero dizer aqui que esse tucano é vagabundo, inimigo da classe trabalhadora”, disse. Sem citar o nome da ex-prefeita Marta Suplicy, Vagner acrescentou: “Quem vira a casaca, quem muda de lado, é traidor.” Segundo o sindicalista, Haddad “foi respeitoso com os trabalhadores na cidade de São Paulo e teve um dialogo sério e decente” com os trabalhadores.
Lula elogiou o discurso do prefeito: “Vi o Haddad falando com alma e brilho nos olhos, falando com mais emoção do que com a racionalidade com que costuma falar às pessoas. Ele hoje conseguiu se superar.”
Como Lula, vários oradores também destacaram a importância estratégica da eleição em São Paulo. O jurista Pedro Serrano afirmou que Haddad “representa a ideia de cidade, espaço habitado por cidadãos livres, diferentes entre si”. Segundo Serrano, o voto de domingo precisa ser unificado, “contra o fascismo em São Paulo”.
“O significado extrapola em muito a cidade de São Paulo. Lutamos contra o arbítrio e o ataque aos direitos”, disse a vice-prefeita Nádia Campeão (PCdoB).
O escritor Fernando Morais afirmou que as eleições em São Paulo e Rio de Janeiro são estratégicas. “Estamos correndo o risco de entregar as duas maiores cidades do país aos golpistas. Está na hora do PT e do Psol se entenderem, para não entregarmos as duas cidades para a direita.”
O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira disse que a capital paulista tem hoje “um grande prefeito”. Ele citou o Plano Diretor e a Lei de Zoneamento como exemplos de que Haddad fez uma reforma pela qual a cidade deve se desenvolver. “Ele deu preferência para o povo, e não aos ricos, e isso eles não perdoam. Estou aqui também para apresentar solidariedade ao presidente Lula, que está sendo perseguido”, declarou Bresser.
Os apoios de alguns intelectuais a Haddad foram transmitidos em mensagens em vídeo. Chico Buarque afirmou: “minha porção de sangue paulistano está com Haddad e não abre”.
O cientista político Singer declarou que “ficar ao lado de Haddad é ficar ao lado da democracia”. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou que a gestão do atual prefeito criou um “ambiente de convivência civilizada”.