Ford foge de um Brasil sem rumo e de Bolsonaro, dizem centrais sindicais
A IndustriALL-Brasil, os metalúrgicos da CUT e da Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), divulgaram notas públicas sobre o fechamento das três plantas da Ford no país.
Segundo a IndustriALL, a Ford fugiu do Brasil sem rumo e de Bolsonaro.
No documento, os presidentes das entidades afirmam que a ação da empresa global é consequência da completa ausência de um projeto de retomada da economia brasileira, que contemple a reindustrialização do país. E ressalta que é incontestável a desconfiança interna e internacional e o descrédito quanto aos rumos da economia brasileira com este governo que aí está, porque não se toma uma decisão empresarial como essa sem considerar a total incapacidade do governo Bolsonaro.
A CUT, por sua vez, destaca a presença centenária da empresa no Brasil, sempre usufruindo de subsídios governamentais, e que neste momento de pandemia, deixa aproximadamente 5 mil trabalhadores desempregados. A nota da CUT também repudia a reestruturação do Banco do Brasil anunciada no mesmo dia.
Veja as duas notas na íntegra:
Nota da IndustriALL
Ford foge do Brasil e de Bolsonaro e deixa rastro de desemprego
BRASIL SEM RUMO, SEM INDÚSTRIA, SEM EMPREGO, SEM GOVERNO, SEM FUTURO
O anuncio de fechamento de todas as fábricas da Ford no Brasil (a planta de SBC já havia sido fechada, em 2019) confirma as piores previsões e avisos do movimento sindical sobre os rumos da economia nacional.
Novamente de forma unilateral, a Ford informa que irá encerrar suas atividades no país, com o fechamento das plantas de Camaçari-BA, Taubaté-SP e Horizonte-CE. A ação da empresa global é consequência da completa ausência de um projeto de retomada da economia brasileira, que contemple a reindustrialização do país.
O governo despreparado e inepto de Bolsonaro e Guedes finge ignorar a importância da indústria como motor do desenvolvimento nacional, não apresenta qualquer estratégia para a atuação da indústria no Brasil e condena o país a uma rota de desindustrialização e desinvestimento, como vínhamos alertando há tempos. Não só alertamos como fizemos propostas, como o Inovar-Auto.
É incontestável a desconfiança interna e internacional e o descrédito quanto aos rumos da economia brasileira com este governo que aí está; não se toma uma decisão empresarial como essa sem considerar a total incapacidade do governo Bolsonaro.
No momento em que a indústria automobilística global passa por uma das mais intensas ondas de transformação, orientada pela eletrificação e pela conectividade, assistimos à criminosa omissão, e até boicote do subserviente governo brasileiro à indústria, com consequências nefastas para a classe trabalhadora, ante um presidente incapaz de conduzir qualquer diálogo sobre a inserção do país no cenário que se configura rapidamente.
A Ford “foge” do Brasil deixando um rastro de desemprego e desamparo, após ter se valido durante muitos anos de benefícios e isenções tributárias dos regimes automotivos vigentes desde 2001, e que definiram a instalação da empresa em Camaçari, bem como a permanência das suas atividades no Ceará.
A decisão da empresa significa cerca de 50 mil empregos na cadeia produtiva em torno das três plantas desativadas, mas a ausência de compromisso e respeito aos trabalhadores e à sociedade por parte da Ford não é surpresa.
A tragédia é ainda evidentemente maior considerando o conjunto de plantas fechadas, ou com anúncio de fechamento desde 2019, e o impacto sobre os diferentes setores da indústria brasileira, que rebaixam nossa posição econômica no cenário global de forma acelerada e dramática.
O desgoverno afunda ainda mais nossa população no roteiro de precarização, desemprego, desalento e pobreza. O desastre na condução da economia se casa e se completa, tragicamente, com a crise sanitária.
Reverter esse descaminho é mais do que urgente. É nossa luta.
Toda solidariedade aos trabalhadores/as e famílias afetados.
Estamos juntos nessa luta!!!!!!!!
Aroaldo Oliveira da Silva, presidente da INDUSTRIALL Brasil
Paulo Cayres, presidente da CNM-CUT Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT
Miguel Torres, presidente da CNTM-Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da Força Sindical Força
Nota da CUT
A montadora FORD, após um século no Brasil, anunciou o fim de sua atividade industrial nas fábricas de Camaçari (Bahia), Horizonte(Ceará) e Taubaté (São Paulo), nesta terça-feira (12). Em 2019, já havia fechado a planta de São Bernardo do Campo.
Essa decisão impacta de pronto 5 mil empregos diretos. Uma empresa com presença centenária no Brasil, que sempre utilizou subsídios governamentais, justifica a saída do país pelas dificuldades de manter seus rendimentos em virtude da pandemia.
O Banco do Brasil anuncia no mesmo dia um amplo programa de reestruturação com fechamento de agências e perda também de aproximadamente 5 mil empregos diretos. Um esvaziamento e enfraquecimento do papel significativo de banco público, que compromete não só a solidez e um patrimônio da nação brasileira, como também o essencial papel de promotor do desenvolvimento nacional.
No primeiro caso, é explicita a lógica capitalista e no segundo, um exemplo cristalino de como o governo Bolsonaro gestiona o patrimônio público para entrega da soberania nacional.
A industrialização brasileira sofre por décadas de pouco investimento em tecnologias e diversificação; os momentos inovadores só ocorreram protagonizados e induzidos pelo financiamento de longo-prazo de bancos públicos e pelo investimento tecnológico de empresas estatais. A participação do Brasil na produção industrial mundial caiu para 1,19% em 2019 e o peso da indústria no PIB foi de apenas cerca de 10,4%. Num país com o desemprego nas alturas, milhares de empregos de qualidade são destruídos da noite para o dia. Sabemos que uma projeto nacional, com ação estatal orientada para o estímulo à industrialização e à revitalização da capacidade de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia poderia reverter essa situação; porém, esse não é o objetivo da política econômica de Guedes e Bolsonaro.
Ficam cada dia mais nítidos os verdadeiros objetivos econômicos de Bolsonaro e sua corja: limitar o país à exportação de commodities e delapidar o Estado brasileiro; seja pela via das privatizações, seja pela drenagem do orçamento das políticas públicas para o enriquecimento de milionários. A destruição do Brasil como nação é o plano.
Por isso, a CUT e suas entidades repudiam o gesto da Ford Motor Company, denunciam a falta de reação governamental e se colocam na linha de frente da luta para que os empregos sejam mantidos.
Direção Executiva Nacional da CUT