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Postado em: 23/09/2010 - 11h07 | CUT

Flotilha da Paz na imperdível 5ª Mostra Mundo Árabe de Cinema

“Flotilha da Paz” é um documentário guiado com sensibilidade pelo amor à justiça e à verdade, que cultua e cultiva o valor da solidariedade, expondo ao vivo e em cores as vísceras do fascismo israelense. Demonstra como o ódio e o rancor sionistas não se manifestam somente contra os palestinos, mas em relação a tudo e a todos que façam uso da sua humanidade para lutar em defesa da igualdade entre os povos e nações.

Numa abordagem precisa, com apenas 48 minutos, Flotilha da Paz, em cartaz na imperdível 5ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, promovido pelo Instituto de Cultura Árabe (ICArabe) mostra como em agosto de 2008, após uma operação “clandestina, mas legal”, dois pequenos barcos gregos conseguem driblar os inúmeros obstáculos colocados pelo governo de Israel e serem os primeiros, após dezenas de anos, a romper o criminoso e ilegal cerco naval imposto à Faixa de Gaza.
 
No filme, depoimentos comoventes revelam, durante todo o complicado preparativo da ação, a força da identidade com o semelhante e o poder do ódio à injustiça. Mais do que nas palavras, no gesto, a determinação de 44 homens e mulheres se fez maior do que os mais terríveis e temidos obstáculos, incluindo uma operação de guerra naval. Documenta como o governo nazi-israelense tem se utilizado ao longo dos anos, de todo tipo de covardias, infâmias e crueldades, para tentar sufocar o apoio internacional à causa palestina, assassinando ativistas fora das suas fronteiras, sabotando e bombardeando embarcações, manipulando informações.   
 
Naqueles dias de agosto, pescadores palestinos haviam sido assassinados por Israel. Seu crime? Terem desrespeitado a ordem de morrer de fome, ditada pelo exército israelense, e jogado seu barco na água atrás de algum peixe para dar de comer aos filhos. Quando a Flotilha irrompe no horizonte e os olhos das crianças palestinas encontra a bandeira palestina desfraldada, com faixas dando vivas à liberdade, a história nunca mais será a mesma.
 
Como relata um dos integrantes da delegação, com o barco cercado por dezenas de crianças, havia o receio de que alguma se ferisse próxima à hélice, sendo dado um grito de perigo. Ao que a criança responde, sorrindo, que na Palestina o perigo não existe. Outro participante disse que viveu 62 anos para ver naquele encontro a razão da sua existência. E outro mais afirmou que faria tudo de novo, apesar dos riscos, do medo e das ameaças…
 
O impacto do filme ganha outra dimensão neste ano de 2010 após o terrorismo de Estado de Israel ter ceifado a vida de uma dezena de ativistas e ferir outros 60 na madrugada de 31 de maio, dentro de um barco que compunha a Frota da Liberdade. Compunha a delegação de 750 pessoas e 38 nacionalidades a cineasta brasileira Iara Lee. O crime? Transportar dez mil toneladas de produtos – como alimentos e medicamentos – à Faixa de Gaza.
 
Convidado pela Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), conheci em 2001 os territórios ocupados por Israel, em Gaza e na Cisjordânia, e guardarei para sempre comigo os olhos das crianças, transformados como o alvo principal das balas de aço israelenses, revestidas de borracha para não matar, “apenas” para servir de alerta aos jovens braços que jogavam pedras contra os seus tanques na segunda Intifada. Recordo as filas de crianças nos hospitais e a longa espera de um visto dos sionistas para que pudessem ser operadas na Alemanha, já que não havia mais soberania, nem aeroporto transformado em cratera pelos bombardeios israelenses. De um senhor baleado na cabeça enquanto conversava a meu lado na cidade de Hebron, dos hospitais repletos de mutilados pela covardia dos ocupantes, do esgoto correndo a céu aberto em Gaza, das estradas bloqueadas na Cisjordânia, do roubo da água e da terra. Mas, acima de tudo, da fenomenal esperança, da sua confiança na força coletiva.
 
Participar da 5ª Mostra Mundo Árabe de Cinema é ganhar uma injeção de ânimo e consciência, rompendo a invisibilidade a que a mídia tenta relegar a agressão, fortalecer o passo para virar esta página de pré-história da Humanidade.
Confira os filmes, datas e horários
Abaixo a programação e uma breve sinopse dos filmes ainda em cartaz.
A Flotilha da Paz
(Gaza We are Coming, 2010, Grécia, cor, 48’)
Direção:Yorgos Avgeropoulos e Yiannis Karipidis
Gênero:Documentário
Sinopse:Em agosto de 2008, dois pequenos barcos gregos de pescaria conseguiram furar um cerco naval imposto à região de Gaza pelo estado de Israel. O filme mostra a primeira de uma série de viagens, que reuniu 44 ativistas de todo o mundo. Juntos, conseguem quebrar o embargo, provando que a histórias é feita por aqueles que sonham e têm coragem de fazer o que parece irreal.

A Catástrofe
(Al Nakba, the Catastrophe, 2007, Catar, cor, 240’)
Direção:Rawan Damen
Gênero:Documentário
Sinopse:Al Nakba é um filme em série que mostra como ocorreu a chamada Catástrofe Palestina. A história começa no ano 1799 e segue até os dias atuais. Para isso, utiliza um raro material, composto por documentos oficiais liberados após 50 anos de sigilo. Há ainda depoimentos de vários historiadores proeminentes e testemunhas que contam suas histórias.
 
Ponto de Encontro
(Encounter point, 2006, EUA, cor, 85’)
Direção:Júlia Bacha e Ronit Avni
Gênero:Documentário
Sinopse:Ponto de Encontro é uma co-produção entre palestinos, israelenses, norte-americanos e sul-americanos que atravessam os estereótipos e os dogmas para contar histórias dos que vivem na Palestina ocupada e em Israel.
 
Capitão da Esperança
(Captain Abu Raed, 2007, Jordânia, cor, 102’)
Direção:Amin Matalqa
Gênero:Ficção
Elenco:Nadim Sawalha, Rana Sultan, Hussein Al-Sous, Udey Al-Qiddissi
Sinopse:Abu Raed é um solitário porteiro do aeroporto internacional de Amã. Nunca conseguiu realizar seu sonho de conhecer o mundo. Um dia, em seu trabalho, encontra um quepe de capitão jogado no lixo. Talvez por isso, passa a ser seguido por um garoto da vizinhança. Na manhã seguinte, ele acorda com um grupo de garotos em sua porta, acreditando que ele é piloto de uma companhia aérea. Iniciam uma amizade. Feliz por ter companhia e atenção, leva as crianças para os lugares de suas histórias fictícias, inspirando-os a acreditar em seus próprios desejos.
 
A chave da casa
(2009, Brasil, cor, 124’)
Direção:Paschoal Samora e Stela Grisotti
Gênero:Documentário
Sinopse:O filme acompanha as últimas 48 horas de um grupo de palestinos no campo de refugiados de Al-Rweished, na fronteira entre a Jordânia e o Iraque, antes de partir para o Brasil, e retrata nove meses depois o início da adaptação no novo país. São crianças, idosos, mulheres e homens que foram obrigados a fugir do Iraque após a invasão comandada pelos EUA, em 2003.

América
(Amreeka, 2009, EUA/Canadá, cor, 96’)
Direção:Cherien Dabis
Gênero:Ficção
Elenco:Nisreen Faour, Melkar Muallem, Hiam Abbass, Alia Shawkat
Sinopse: Muna, uma mãe divorciada, vive na Cisjordânia com Fadi, seu filho adolescente. Sonhando com um futuro melhor, se muda para Illinois, nos Estados Unidos, onde vive sua irmã. Ao chegar, enquanto seu filho inicia o colégio, tenta se adaptar trabalhando numa lanchonete de comidas “fastfood”, onde passa a cozinhar falafels junto com os hambúrgueres.
 
Harragas
Direção:Merzak Allouache
Gênero:Ficção
Elenco:Lamia Boussekine, Nabil Asli, Samir El Hakim, Seddik Benyagoub
Sinopse: Um drama de cores fortes que ocorre no norte da Argélia, na cidade portuária de Mostaganem. O título é uma referência ao grande número de refugiados, chamados de “Harragas”, em português “Queimadores”, por incendiarem seus documentos de identidade para não terem sua origem revelada. Eles tentam sair do seu país de qualquer maneira para tentar uma vida na Europa.