Estadão denuncia esquema de Bolsonaro para comprar parlamentares
O jornal Estadão denunciou a criação de um orçamento secreto com cerca de R$ 3 bilhões em emendas que beneficiam parlamentares do Centrão que defendem Bolsonaro no Congresso.
Entre os que mais conseguiram recursos do esquema está o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), um dos mandachuvas do “Bolsolão”, como o esquema denunciado está sendo chamado nas redes sociais.
Os parlamentares têm direito a indicar, no máximo, R$ 8 milhões, cada um, para bancar suas emendas, anualmente. O valor corresponde à metade da cota total de emendas impositivas individuais que deputados e senadores têm direito a enviar. A outra metade deve ir, obrigatoriamente, para a saúde. Essa regra vale para todos os 513 deputados e 81 senadores.
Com o Bolsolão, só Alcolumbre determinou a aplicação de R$ 277 milhões de verbas públicas do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Alcolumbre enviou R$ 81 milhões à Codevasf, estatal sob seu controle. Os documentos ainda mostram que o senador destinou R$ 10 milhões para obras e compras fora do Amapá. As máquinas seriam destinadas a prefeituras para auxiliar nas obras em estradas nas áreas rurais e vias urbanas e também nos projetos de cooperativas da agricultura familiar no Paraná.
As reportagens do Estadão revelam ainda que ele comprou tratores e equipamentos agrícolas por valores até 259% acima do preço de referência no mercado.
O esquema atropelou pelo menos três itens da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO): 1) a lei determina que sejam estebelecidos critérios para definição das localidades beneficiadas; 2) sejam apresentados indicadores socioeconômicos ao distribuir os recursos; e, 3) os recursos devem priorizar a continuidade de obras iniciadas.
O jornal denuncia que o esquema turbinou a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal loteada pelo Centrão e criada durante a ditadura militar, que tem uma trajetória marcada por corrupção e fisiologismo.
A série de reportagens que denuncia o esquema é do jornalista Breno Pires.