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Postado em: 28/05/2020 - 21h15 | Redação

Doria flexibiliza quarentena

O governador de São Paulo, João Doria decidiu flexibilizar as medidas de isolamento social na capital e iniciar a reabertura do comércio em pleno pico da pandemia, contrariando as orientações de especialistas e infectologistas.

A decisão está indo  na mesma linha do que já vinha pregando Bolsonaro, que defende mais a economia do que a vida dos brasileiros.

As UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) da capital estão com 90% ou mais de lotação e os profissionais de saúde estão trabalhando sem equipamentos adequados de proteção.

Em todo o mundo a reabertura foi planejada e só se deu com os casos de contaminação já em queda, mas por aqui a realidade é bem diferente e o país já ultrapassa a marca das 26 mil mortes.

Nesta quinta-feira (27), quando especialistas e grande parte da população de São Paulo esperavam o anúncio de bloqueio total (lockdown) em todo Estado, devido a curva ascendente de novos casos e mortes pela doença, Doria, anunciou um plano de flexibilização do isolamento.

“Um risco absurdo e absolutamente criminoso, que só atende o mercado e em 15 dias, período fundamental para sabermos o resultado de qualquer ação de combate à doença, teremos um aumento expressivo de casos e mortes pela Covid-19”, afirmou o médico sanitarista, professor universitário, vereador e presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Campinas, Pedro Tourinho.

Segundo ele, é preciso sim que os estados e municípios tenham planos de flexibilização do isolamento, mas em primeiro lugar têm que ter critérios rígidos, como orienta a OMS. Além disso, aponta ele, o sistema de saúde está próximo do limite e o razoável a ser feito no momento seria intensificar e fiscalizar rigorosamente a adesão ao isolamento.

“Seguir fortalecendo nossa capacidade de testagem, rastreamento e ampliação de leitos. Ao mesmo tempo, medidas de apoio econômico e social deveriam ser muito melhor instituídas. Mas ao que tudo indica não é isso que vai acontecer. Temo imensamente pelas nossas vidas nesse momento”, afirma.

Classificação por regiões

Tourinho disse que Doria não mostrou nenhum dado concreto para tomar esta decisão e que o segundo erro grotesco do governador sobre o plano foi a classificação das regiões do estado em diferentes níveis de vigilância, com a possibilidade da reabertura imediata de vários setores em Campinas, na capital e em outras regiões do estado.

Para Tourinho a  flexibilização foi uma concessão aos setores econômicos e é questão de classe. Segundo ele, na classe média alta a taxa de isolamento conseguiu se manter maior e os leitos privados estão mais vazios. “Pelo que parece não há preocupação com o mais pobre, porque este setor não consegue manter o isolamento porque não tem uma ajuda do Estado eficiente para ficar em casa e ainda a taxa de ocupação da UTI em hospitais públicos está em 95%”, afirma o médico.

*Com informações da CUT