Dieese exalta redução do endividamento das famílias, mas alerta para juros altos
Em sua coluna para a Rádio Brasil Atual, o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, destacou ontem (1º) a redução no percentual de endividamento das famílias brasileiras, fato que segundo ele ocorre pela primeira vez em quatro meses, mesmo com a economia do país desaquecida. “Ainda com condições adversas da economia, a população continua cumprindo com o pagamento de seus compromissos e houve um leve recuo”, aponta. “Este é um resultado importante porque mostra de alguma maneira que as famílias conseguem organizar seus orçamentos.”
O percentual de endividamento das famílias brasileiras passou de 62,4% em maio para 62% em junho. No mesmo mês do ano passado, a porcentagem atingiu 62,5%. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O diretor técnico enfatiza a necessidade de atenção aos juros quando for realizar um parcelamento ou solicitar um empréstimo. “É bom ficar atento para as taxas. Por exemplo, se estiver usando cartão de crédito, ele tem uma taxa de juros embutida de até 70%. Já no cheque especial, a taxa é um escândalo: até 300% ao ano.”
Clemente classifica as taxas de juros como “extorsivas”. “Os juros retiram boa parte da renda do trabalhador. Ele está fora do contexto internacional, onde as taxas são muito menores. Isso faz com que este endividamento das famílias fique mais comprometido, justamente pela capacidade que o sistema financeiro tem de retirar renda do trabalhador.”
Para reduzir o endividamento familiar, Clemente recorda a questão econômica do país. “Do ponto de vista macroeconômico, a manutenção de empregos é fundamental para que o comportamento de redução seja preservado. Por isso, nós insistimos na importância de termos crescimento econômico como condição para a produção de bem-estar e qualidade de vida”, diz.