CUT repudia desrespeito ao Santuário de Aparecida
Ontem, dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, o presidente Bolsonaro e sua comitiva estiveram na Basílica e assistiram a missa. Os apoiadores do atual governo vaiaram o arcebispo e padres durante a missa e agrediram cinegrafistas da TV Aparecida e da afiliada da Rede Globo.
Leia abaixo a nota de repudio da CUT:
O candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), mais uma vez, usou uma data religiosa para tentar se promover. No Dia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, o atual presidente foi ao Santuário de Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba (SP), e provocou cenas que merecem a repulsa e indignação de todos os brasileiros e as brasileiras.
A passagem de Bolsonaro pelo local causou vaias a padres e arcebispos, agressões a trabalhadores e outros visitantes, além de um completo desrespeito ao povo católico.
As ações tiveram início no lado de fora, quando os apoiadores do presidente aguardavam a chegada dele e de sua equipe. Com copos de bebidas alcoólicas nas mãos, os apoiadores de Bolsonaro gritaram contra os profissionais de comunicação que cobriam a data. Chegaram a afazer gestos de ameaças, como o sinal de arma. Entre os registros feitos nas redes sociais, os alvos foram jornalistas e cinegráficas da afiliada da TV Globo no interior, a TV Vanguarda, e da própria TV Aparecida, emissora oficial do Santuário.
Em outro momento, um jovem que caminhava de camiseta vermelha passou a ser perseguido e xingado pelos seguidores de Bolsonaro. O rapaz teve de correr e se esconder para não ser agredido fisicamente.
Mas as confusões também ocorreram dentro da Basílica. Um dos momentos mais chocantes foi durante a missa do padre Eduardo Ribeiro, celebrada no início da tarde. Ele foi interrompido por diversas vezes com vaias e palavras de ordem ao falar da luta contra a fome. No público, alguns tentaram puxar um coro de “mito”, mas não houve força.
Um dia antes da comemoração em Aparecida, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) havia emitido uma nota lamentando a exploração da fé e da religião por políticos: “momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos”, disse, sem citar nominalmente alguém. Na semana passada, Bolsonaro também tentou usurpar a celebração do Círio de Nazaré, no Pará. A presença dele, numa embarcação da Marinha, não foi bem recebida pela população e também gerou fortes críticas.
Diante dos inúmeros casos de violência, a Direção da CUT-SP se solidariza com todos os trabalhadores e visitantes agredidos no Santuário de Aparecida, bem como rechaça as atitudes de ódio feitas contra os padres e arcebispos.
13 de outubro de 2022