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Postado em: 24/01/2024 - 10h02 | Redação (SN)

CUT apoia luta dos trabalhadores argentinos

O presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, e o secretário de Relações Internacionais da entidade, Antonio Lisboa, convocam os brasileiros a se solidarizarem com o povo argentino que vem sofrendo com as decisões políticas e econômicas do presidente Javier Milei.

Em artigo (leia abaixo), os dirigentes CUTistas criticam o Decreto Nacional de Urgência que desmantelou os sistemas de proteção laboral, social, saúde, desregulamentou a economia interna e externa, comprometeu a atividade da indústria nacional e abre às portas para a privatização das empresas públicas. Segundo eles, outro projeto de lei do presidente argentino, o Omnibus, agrava ainda mais a situação ao dar superpoderes ao governo Milei para a adoção de medidas autoritárias, perseguição e repressão dos protestos, greves e manifestações.

Por conta da retirada desses direitos e aumento na repressão aos trabalhadores, argentinos estão em greve hoje (24). Haverá um ato em Brasília, em frente à embaixada da Argentina, a partir das 10h, no qual será entregue uma carta das centrais sindicais brasileiras pedindo diálogo do governo com os sindicatos e a revogação do DNU e da Lei Omnibus.

Leia a íntegra do artigo
O ano de 2024 mal começou e já apresenta desafios gigantescos para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e certamente o maior deles segue sendo a luta contra a extrema direita no Brasil e no mundo. As feridas do 08 de janeiro de 2023 ainda não cicatrizaram; os financiadores dos atos terroristas seguem livres e o discurso de ódio, com notícias falsas, ainda se constituem uma ameaça para a vida democrática brasileira e seu estado de direito.
Esses setores, que aprovaram a reforma Trabalhista no Brasil, venderam empresas públicas estratégicas, estimularam queimadas das florestas e lavaram as mãos para as mais de 700 mil mortes por COVID-19 são os mesmos que aplaudiram a eleição de Javier Milei para presidência da Argentina e agora comemoram às políticas retrógradas e antidemocráticas do governo ultradireitista.
Estamos particularmente indignados e alarmados com tamanha gravidade do conjunto de medidas apresentadas pelo atual presidente argentino, que ainda em 2023 publicou o Decreto de Urgência Nacional (DNU) e o Projeto de Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, a “lei Omnibus”, que juntos destroçam um dos sistemas de proteção social e garantia de direitos laborais mais consolidados no mundo, além de criminalizar os protestos sindicais e sociais, uma grave agressão à liberdade sindical e à própria democracia.
O Decreto Nacional de Urgência desmantelou os sistemas de proteção laboral, social, saúde, desregulamentou a economia interna e externa, comprometeu a atividade da indústria nacional e abre às portas para a privatização das empresas públicas. O pacote de medidas neoliberais anunciado, na prática, são velhas receitas de entrega do Estado ao sistema financeiro internacional e às multinacionais e o resultado desse receituário já conhecemos, é o aumento da pobreza, desproteção social e violência.
Já o projeto de lei Omnibus agrava ainda mais a situação ao dar superpoderes ao governo Milei para a adoção de medidas autoritárias, para a perseguição e repressão dos protestos, greves e manifestações – um conjunto de ações que ferem frontalmente o marco legal constitucional e as normas internacionais – como já denunciado pelas centrais sindicais argentinas. A “Lei Omnibus”, na prática, é uma afronta direta contra a liberdade sindical, direito de greve, direito de protesto e manifestação, direitos preservados nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as quais a Argentina é signatária, além da violação direta da Declaração Socio laboral do Mercosul em seus artigos 16, 17 e 18.
Mas, a classe trabalhadora, o movimento sindical e o conjunto das forças democráticas vencerão mais uma vez. Venceremos porque o sentimento que nos une é a solidariedade de classe.
Nunca esqueceremos a solidariedade recebida dos trabalhadores argentinos na luta contra a reforma Trabalhista brasileira em 2017; a solidariedade e presença determinada na campanha Lula Livre e na resistência aos tempos recentes de obscurantismo no Brasil, durante o governo Bolsonaro. Nesses e em outros momentos de nossa história quando enfrentávamos inimigos poderosos, que tudo fizeram para destruir a CUT e o movimento sindical, nunca estivemos sozinhos, porque a solidariedade internacional esteve presente. As centrais sindicais argentinas estiveram ao nosso lado, lutando, e agora nós estaremos ao lado do movimento sindical argentino lutando para resistir aos intentos autoritários de Milei e impor uma derrota do tamanho da nossa solidariedade.
Por isso, a CUT está convocando seus sindicatos filiados, para construir esse enorme movimento de resistência e solidariedade com a classe trabalhadora argentina, e essa luta já se inicia no próximo dia 24 de janeiro, em frente à embaixada da Argentina, em Brasília, onde entregaremos uma carta das centrais sindicais brasileiras pedindo diálogo do governo com os sindicatos e a revogação do DNU e da Lei Omnibus.
Juntos com a Coordenadora de Centrais Sindicais do Conesul e a Confederação Sindical da Américas, estaremos nos 23 e 24 de fevereiro, em Foz do Iguaçu, na Jornada Latino-americana e Caribenha pela Integração dos Povos renovando nossos laços de solidariedade internacional, dando as mãos ao movimento sindical argentino. Também estaremos atuantes e vigilantes nas reuniões dos órgãos socio-laborais do Mercosul denunciando as violações de normas internacionais por parte do governo Milei.
A CUT Brasil estará junto com as centrais sindicais argentinas CGT, CTA A- CTA T- em luta para derrotar as políticas de Milei e resgatar a dignidade e a esperança da classe trabalhadora.
Sergio Nobre, presidente
Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais