Crise econômica e políticas de austeridade têm efeitos perversos para mulheres
As políticas de austeridade fiscal implementadas a partir do governo Temer alteraram a condição de vida do povo brasileiro, impactando de forma mais perversa as mulheres – especialmente as negras. A avaliação é da assessora do nosso Sindicato, Marilane Teixeira, que participou do Encontro de Mulheres Sindicalistas, organizado pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo, em 2 de agosto..
Na ocasião, Marilane também divulgou o livro “Economia Para Poucos: impactos sociais da austeridade e alternativas para o Brasil”, da editora Autonomia Literária, organizado por Pedro Rossi, Esther Dweck e Ana Luíza, do qual ela participa como autora, ao lado de outros nomes.
“Quando se compara o orçamento público de 2014 ao de 2018, percebemos que algumas políticas praticamente desapareceram. No caso das políticas para as mulheres houve uma queda de mais 80%, em ações que envolvem, por exemplo, o combate à violência, que é uma política importante e que costuma ter resultados efetivos”, afirma a economista.
As decisões governamentais atingem tanto mulheres urbanas como mulheres rurais. “O orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário despencou de R$ 9 bilhões para R$ 1 bilhão. Além disso, os recursos para as políticas de educação infantil, que envolvem também as creches, foram reduzidos em 17% com relação ao que era destinado para esta área em 2014.” Na opinião da pesquisadora o cenário é de terra arrasada.
A economista defende que o papel do Estado seja reforçado e o do mercado seja reduzido. Para ela, abrir mão do papel do Estado significa ampliar as desigualdades de classe, raça e gênero. “Se os cortes nas políticas sociais continuarem acontecendo, num contexto de economia em crescimento, o cenário de miséria, de pobreza e de desigualdades irá piorar, principalmente para as mulheres negras que são as mais afetadas já que figuram entre os que têm o menor nível de emprego e estão entre as maiores taxas de desemprego em nossa economia”, diz.
Para Marilane, o Brasil só sairá deste cenário de retrocessos se algumas medidas forem tomadas, como por exemplo, a revogação da Emenda Constitucional (EC) 95, que limita investimentos públicos por 20 anos no Brasil. “Precisamos, ao contrário, de uma política de elevação dos gastos sociais para ampliar os investimentos públicos e retomar a atividade econômica”, aponta a economista.
No dia 23 de agosto, às 10 horas, o Sindicato dos Químicos de São Paulo promove um debate com os organizadores e autores do livro (Rua Tamandaré, 348).