SINDICATO NO WHATSAPP

Notícias

Voltar
Postado em: 16/06/2020 - 14h08 | Redação

Coronavírus pode exterminar com população indígena o país

Os incentivos às invasões de terras e à devastação da Amazônia, o descaso pela proteção dos territórios indígenas e o garimpo ilegal, promovidos pelo  governo  Bolsonaro, somados agora à falta de planejamento para entregar o auxílio emergencial de R$ 600,00 (R$ 1.200 para mães chefes de família) para ajudar as aldeias na pandemia do novo coronavírus (Covid-19), pode levar a dizimação de 800 mil indígenas do país.

O  Brasil já registra 236 mortes de indígenas por Covid-19. Obrigados a irem às cidades receber os benefícios a que têm direito, os indígenas estão se contaminando e levando a doença para suas seis mil aldeias e seus territórios. Uma situação que deve continuar com o pagamento das próximas parcelas do auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso Nacional para ajudar os mais carentes durante a pandemia.

As mortes recentes por Covid-19 de duas lideranças indígenas, José Carlos Ferreira, da Terra Indígena Arara da Volta Grande, que lutou contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no último dia 07; e de Paulinho Paiakan, outra liderança indígena, nesta quarta-feira (17), junto com o registro de  3.079 indígenas testados positivos, além das mais de 230 mortes, a maioria  na Amazônia , segundo levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), mais do que acendeu o alerta porque a tragédia já era anunciada, afirma a Secretária-Geral da CUT Nacional, Carmen Foro.

“O coronavírus tem uma dimensão trágica na vida população brasileira e se não houver sérias providências teremos exterminados os 800 mil indígenas do país. Por isso, a situação desses brasileiros nos preocupa e somos solidários à sua luta pela sobrevivência, e cobramos do governo federal ações que mitiguem o sofrimento dessa população que, sem defesa imunológica e sem assistência médica, pode ser a mais atingida pela pandemia com resultados devastadores”, afirma Carmen.

Entidades mostram em números o avanço da Covid-19 nos territórios indígenas

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), diz que só nos estados da região, são mais de 3.600 casos confirmados e 249 óbitos em 45 povos indígenas, segundo os dados atualizados no último dia 14 deste mês.

Nas Terras Indígenas da Bacia do Xingu, a Covid-19 já é uma realidade cruel. Em apenas uma semana, os casos registrados nas 53 cidades da Bacia cresceram 60%, de 3,2 mil para 6,1 mil.

A região de Altamira, município referência para 11 terras indígenas, sete unidades de conservação e nove municípios da região, já contabiliza 80 mortes e mais de 2 mil casos confirmados. E o único hospital que atende casos de média e alta complexidade está com as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) lotadas.

A subnotificação é um fato denunciado pelas organizações indígenas. Em Manaus, epicentro dos casos, indígenas são registrados como mulatos nos hospitais de atendimento dos pacientes infectados pelo coronavírus. Além disso, a secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, só contabiliza caso indígena aquelas vítimas que vivem em aldeias e não aqueles que vivem em centros urbanos. Uma evidente situação de racismo institucional, afinal, indígena é indígena dentro ou fora de seu território.

“Com o sistema de saúde colapsado no Amazonas e sem nenhum leito de UTI nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, a população indígena do Rio Negro está entre os grupos mais vulneráveis à pandemia de covid-19 no mundo”, alertou a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, em nota divulgada.

*Com informações da CUT