Com 1,5 milhão de desempregados a menos em seis anos, mercado de trabalho vive seu melhor momento
As taxas médias de desemprego nas sete regiões estudadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) voltaram a cair em outubro, com criação de 223 mil vagas e redução do número de desempregados em 116 mil, na comparação com o mês anterior. “Esse é o movimento mais virtuoso do mercado de trabalho, com crescimento da demanda superior ao da oferta”, afirmou o economista Sérgio Mendonça, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Em 12 meses, as sete regiões analisadas pelo Dieese e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) abriram 857 mil postos de trabalho e ficaram com 531 mil desempregados a menos. Segundo o técnico, nos últimos seis anos são aproximadamente 1,5 milhão de desempregados a menos.
De acordo com a pesquisa, a taxa média de desemprego caiu para 10,8%, a menor da série histórica mais recente, iniciada em há dois anos. Na região metropolitana de São Paulo, que concentra quase 50% do total, a taxa recuou pelo quinto mês seguido e atingiu 10,9%, a menor para o mês desde 1991 e a menor de toda a série desde dezembro daquele ano. Os técnicos continuam acreditando que a taxa poderá cair para um dígito ainda este ano – na região do ABC paulista, isso já aconteceu, com a taxa atingindo 9,3% no mês passado.
Apenas em outubro, as sete áreas pesquisadas (regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo, além do Distrito Federal) registraram a entrada de 107 mil pessoas no mercado de trabalho, que criou 233 mil vagas, sendo 168 mil com carteira. Com isso, o número de desempregados caiu em 116 mil, para 1,747 milhão. Em 12 meses, 326 mil pessoas entraram na PEA (população economicamente ativa), enquanto foram criados 857 mil empregados, fazendo o número de desempregados recuar em 531 mil, ou 18,1%.
“Os mercados metropolitanos estão todos na mesma direção, com dados positivos. Neste momento, temos as menores taxas da série, com exceção de São Paulo, onde mesmo assim a taxa recuou ao nível de 19 anos atrás”, observou Sérgio Mendonça. O economista destacou o resultado da região metropolitana de Recife, onde a taxa de desemprego recuou cinco pontos percentuais em 12 meses, de 19,2% para 14,1%.
Entre os setores, o de serviços criou 469 mil vagas em 12 meses, crescimento de 4,6%, enquanto a indústria abriu 198 mil postos de trabalho, com alta de 7,1%. O comércio cresceu 4,8% (149 mil vagas) e a construção civil, 4,6% (56 mil).
Em São Paulo, o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian, afirmou que o crescimento tem sido sustentado pelo setor de serviços, responsável por 211 mil (alta de 4,2%) das 400 mil vagas criadas desde outubro de 2009. A indústria cresceu 7,9% (127 mil empregos) no período, mas nos últimos meses tem mantido relativa estabilidade, o que exige mais atenção dos pesquisadores. Mesmo assim, está retornando ao nível pré-crise, com 1,727 milhão de ocupados em outubro, ante 1,761 milhão em igual mês de 2008.
Outro indicador positivo é o relativo ao rendimento médio dos ocupados, que cresceu 1,8% de agosto para setembro e 6,1% em 12 meses – em São Paulo, essas altas foram de 3% no mês e de 6,8% em 12 meses. “É um patamar muito elevado. E isso se reflete na massa salarial, que é a grande garantia para a atividade econômica brasileira continuar crescendo”, observou Loloian. A massa de rendimentos dos ocupados acumula crescimento de 10,8% em um ano.
Para 2011, apesar das previsões de uma atividade econômica mais moderada, os técnicos afirmam que a trajetória continuará sendo de redução das taxas de desemprego, de forma menos intensa.