Cenário econômico otimista contradiz discurso patronal
A melhora do crescimento do país nestes primeiros meses do ano, puxada pelos investimentos públicos, sinaliza que o PIB (soma da riqueza gerada no ano) deve alcançar taxas próximas a 3% em 2013. Esses investimentos públicos correspondem a uma média anual de R$ 65 bilhões, e são eles que impulsionam a economia e fazem a roda girar.
Os investimentos em infraestrutura – moradia, portos e aeroportos, saneamento básico, transporte e energia – não são percebidos pela maioria da população por se concentrarem em regiões distantes, mas estão sendo realizados.
É sabido que os empresários só ampliam a sua capacidade produtiva com a construção de novas plantas e investem em inovação quando o governo sinaliza com a ampliação de seus investimentos. Por isso é fundamental manter as taxas de juros baixas, a inflação sob controle e a taxa de câmbio compatível com uma política de estímulo à produção nacional.
Nesse sentido, todos os esforços da política econômica têm se direcionado para manter um nível de crescimento compatível com as necessidades de consumo, de manutenção e geração de novos postos de trabalho.
Porém, infelizmente, cenário econômico otimista não é sinônimo de campanha salarial vitoriosa. Várias categorias já estão em campanha salarial e têm encontrado dificuldades.
Todos nós sabemos que na hora de negociar salários os patrões choram e dificultam a negociação por aumento real, ignorando a importância de garantir o poder de compra dos trabalhadores até a próxima data-base, quando será concedido novo reajuste salarial.
O índice negociado anualmente repõe as perdas do período anterior e garante um “algo mais” para que o trabalhador consiga manter o seu poder de compra até a próxima negociação salarial.
Na prática, significa dizer que com ganho real o consumo se mantém aquecido e faz girar a economia. É bom para todo mundo: para o governo, para os empresários e para a classe trabalhadora.
O raciocínio é simples, mas a bancada patronal parece ter dificuldades de entender isso. Pior, a choradeira está tão grande que o governo, de uns tempos para cá, parece estar comprando a pauta dos empresários de que é preciso aumentar a competitividade, com a redução de custos, o que inclui redução de salários, terceirização e desonerações.
Não é à toa que a CUT tem incrementado as manifestações em Brasília para que a pauta dos trabalhadores também seja atendida.
Culpar salários e tentar convencer a sociedade de que os trabalhadores não são qualificados é um discurso antigo que não cola mais. Nós não vamos permitir que o discurso da grande mídia e o fantasma da inflação reduzam a capacidade de mobilização dos trabalhadores.
Diretoria Colegiada