SINDICATO NO WHATSAPP

Notícias

Voltar
Postado em: 11/07/2014 - 15h37 | Redação

Cantareira se aproxima do colapso

O volume útil do Sistema Cantareira deve chegar a zero antes do final da Copa do Mundo. A constatação é de um estudo do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).

O Cantareira abastece grande parte da região metropolitana de São Paulo,  inclusive a capital, além das regiões de Campinas e Piracicaba, e, com o volume zerado, se não chover, essas cidades passarão a ser abastecidas apenas com o volume morto, que não deve suportar mais que 100 dias de abastecimento.

De acordo com o pesquisador da Unicamp e consultor do consórcio, Antônio Carlos Zuffo, dos quatro reservatórios que compõem o sistema, dois (o Jaguari e o Jacareí) já estão captando o volume morto, que é lançado nos outros dois reservatórios (Cachoeira e Atibainha) para mantê-los com volume positivo. “Mas, em no máximo 10 dias, os reservatórios que ainda não recorreram ao volume morto só terão esse recurso, ou seja, a água que normalmente é utilizada para o abastecimento já terá se esgotado”, adverte o pesquisador, que prevê risco de desabastecimento. Para o especialista, desde o fim do ano passado o governo do Estado deveria ter implementado um sistema de rodízio ou racionamento para evitar o esgotamento do recurso.

O verão mais quente e seco foi a explicação encontrada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para justificar a crise da água. Mas a verdade é que há 11 anos o governo vem sendo alertado sobre a necessidade de obras no Sistema Cantareira. De acordo com o presidente do Conselho Mundial da Água e professor de Engenharia Civil e Ambiental da Escola Politécnica (Poli) da USP, Benedito Braga, o problema é muito antigo. “A USP trabalhou para o Comitê do Alto Tietê em um plano de recursos hídricos em 2003 e lá já se falava das obras que precisavam ser realizadas para garantir segurança hídrica na região metropolitana de São Paulo. E o que é que foi feito?” Para Braga, “a infraestrutura não acompanhou o crescimento da demanda. Não só pelo crescimento demográfico, mas também pela melhoria do padrão de vida da população, que agora usa mais água, mais energia e gera mais resíduo sólido”.

Outro estudo, realizado em dezembro de 2009 pela Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), confirmou a “necessidade de contar com regras operativas que evitem o colapso de abastecimento das regiões envolvidas”. Descaso, falta de investimentos em infraestrutura e as perdas do sistema, que segundo a própria Sabesp representam aproximadamente 25% de todo o volume de água que circula nos canos, são as reais causas desse desabastecimento anunciado que deve afetar a cidade de São Paulo nos próximos dias.