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Postado em: 30/11/2020 - 13h56 | Redação

Bolsonaro mente ao alegar falta de condições para reajustar o salário mínimo

Em vídeo publicado em suas redes sociais, Bolsonaro disse que reconhece que o salário mínimo está baixo (R$ 1.045,00), mas diz nada poder fazer para resolver isso. “Muita gente reclama: ‘Ah, o salário mínimo tá baixo’. Reconheço que tá baixo. Mas a gente não tem como aumentar”, disse.

O presidente não faz nada para dar aumento real para o salário mínimo porque não quer, afirma a economista da Unicamp  e assessora do sindicato,  Marilane Teixeira, rebatendo a declaração de Bolsonaro.

Segundo ela, não há nada que o impeça de encaminhar no orçamento de 2021 uma proposta de reajuste do salário mínimo, acima da inflação. Só depende de vontade política, como fez Lula, diz se referindo ao ex-presidente que implementou a Política de Valorização do Salário Mínimo, uma conquista da CUT e demais centrais, que Bolsonaro decidiu acabar, prejudicando aposentados, pensionistas e trabalhadores que ganham os mais baixos salários do país.

Marilane critica ainda a obediência de Bolsonaro no campo econômico ao ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, que quer atender somente ao rentismo, mantendo uma política de austeridade fiscal, esquecendo que esse dinheiro, injetado direto na economia retorna para o governo em forma de receita tributária.

“Qualquer elevação do salário mínimo tem um impacto muito grande sobre os rendimentos menores, e as pessoas que ganham o mínimo gastam tudo consumindo alimentos, pagando contas. Do ponto de vista econômico tem um efeito muito importante”, afirma.

“O salário mínimo funciona como uma bússola de referência. Mesmo quem está na informalidade, ou por conta própria, avalia seus ganhos pelo valor do mínimo”, explica Marilane Teixeira.

Outro ponto, destaca a economista, é que 29% da força de trabalho ocupada no país (a partir de 14 anos, em idade de trabalhar, sejam formais ou informais), ganham um salário mínimo. Esse contingente é de 30 milhões de pessoas. Se somarmos o número de aposentados e pensionistas são 50 milhões de pessoas recebendo R$ 1.045. Por isso que cada real de reajuste impacta na diminuição da desigualdade salarial e social.

Bolsonaro quer dar R$ 22,00 de reajuste do salário mínimo 

O novo valor do salário mínimo foi encaminhado ao Congresso Nacional, no final de agosto deste ano. A princípio o governo estimou seu valor em R$ 1.067,00 (+ R$ 22,00). Mas, com a inflação batendo acima de 4%, a expectativa é que ele suba para R$ 1.088,00. A legislação permite ajustes no índice que deve ser analisado e votado ainda este ano pelo Congresso, bem como toda a peça orçamentária de 2021,a partir do índice da inflação.

O salário mínimo de 2021, se aplicada a política de valorização do governo Lula, seria reajustado em mais 1% tendo em vista que o PIB do ano passado foi pouco acima disso. Mesmo assim seriam R$ 10,45 a mais. Ou seja, o índice da inflação somado ao crescimento do PIB, valorizaria o salário mínimo, de 2021, em pelo menos R$ 53,45.

“Isto significa comprar mais litros de leite, mais quilos de arroz e feijão. Mas este governo só pensa em arrochar e ampliar as condições de pobreza e  estimular a concentração de renda,  porque este dinheiro está indo para o rentismo, que está no topo da cadeia”, conclui Marilane.