Ato por Diretas-Já reúne 100 mil em Copacabana, segundo organizadores
Artistas, políticos e movimentos esquerda fizeram um ato na praia de Copacabana, neste domingo (28), pedindo a saída do presidente Michel Temer e eleições diretas.
Durante as apresentações de Caetano Veloso e Milton Nascimento, os organizadores estimam que havia 100 mil presentes. A polícia não divulga estimativa de público.
Caetano descreveu o ato como um momento importante da história do Rio de Janeiro e pediu a saída de Temer repetidas vezes. Ao longo da tarde, passaram pelo palco Martnalia, Maria Gadú, Criolo e outros.
O ato foi organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem grupos sindicais e movimentos de esquerda.
O ator Wagner Moura comandou a manifestação, chamando ao palco artistas e fazendo pronunciamentos.
Quando nossos netos perguntarem onde estávamos neste dia, diremos que estávamos na praia, ouvindo música boa e lutando pela democracia do nosso país, disse.
Além de clamarem por diretas e Fora Temer, os músicos “mandaram recado” por meio das canções escolhidas. Otto, Mart’nalia, Teresa Cristina e Mosquito cantaram, entre outras canções,”É”, de Gonzaguinha – “É! / A gente não tem cara de panaca / A gente não tem jeito de babaca”.
Caetano cantou músicas como “Podres Poderes” (“Enquanto os homens exercem seus podres poderes / Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos / E perdem os verdes / Somos uns boçais”); “Divino Maravilhoso” (“É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte”).
E fizeram trocadilhos com as letras: Otto, Mart’nalia, Teresa Cristina e Mosquito cantaram “Madalena do Jucu”, de Martinho da Vila, invertendo o sentido do refrão e trocando Madalena por Temer. Ficou assim: “Eu vou falar pra todo mundo / Vou falar pra todo mundo / Que eu não quero você”.
Os artistas também se manifestaram contra reformas propostas pelo governo.
O ato estava marcado para às 11h e seu início foi marcada por falas de parlamentares da oposição e representantes de movimentos de esquerda.
O deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ), um dos autores de pedidos de impeachment de Temer, pediu união de esquerda e direita para pressionar pela renúncia e contra eleições indiretas.
“Não é razoável que um Congresso que elegeu como seu presidente da Câmara o Eduardo Cunha escolha no nosso lugar. Nosso desafio é unir o país”, disse.
Guilherme Boulos, um dos coordenadores do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), também classificou o ato como histórico.
“No dia 27 de novembro de 1983 houve o primeiro grande ato que deu início ao movimento Diretas-Já, que derrotou a ditadura militar. Em 28 de maio de 2017 tem início um novo grande movimento nacional. É sinal de que a democracia política nunca é estável se não há democracia econômica e social”, disse.
Pelo PSOL, falou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), pelo PC do B, a deputada federal Jandira Feghali e pelo PT, Washington Quaquá, presidente do partido no Rio. Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também estavam presentes.
O público do ato misturava militantes de centrais sindicais, com bandeiras de CUT e sindicatos, jovens e famílias.