A fronteira da morte e da desumanização
A recente descoberta dos cadáveres de 72 imigrantes ilegais em San Fernando, na fronteira do México com os Estados Unidos, é mais um exemplo trágico do nível de perversidade e desumanização de um sistema que transforma pessoas em mercadoria e reduz vidas a instrumentos descartáveis do capital.
Entre as vítimas estão homens e mulheres de El Salvador, Honduras e Equador, além de quatro brasileiros, trucidados por redes de narcotraficantes e traficantes de pessoas antes de virarem mão de obra barata, a quem são sempre relegados os trabalhos mais duros, insalubres e perigosos. Antes de se somarem aos porões da sociedade estadunidense, e a passarem a compor a longa lista de escravos modernos, ou de exilados, refugiados e deportados, estes trabalhadores viraram número macabro nas estatísticas da ação de gangues.
A tragédia aponta para a necessidade de uma melhoria nas estruturas políticas e econômicas, onde a valorização dos salários e a ampliação do emprego e dos direitos deem condições mínimas de dignidade ao trabalhador, para que o desespero não o lance ao exílio, na ânsia de melhores dias para si e para os seus. Também é preciso que o sangue derramado não corra em vão e sirva para regar a reflexão da necessidade de uma mudança imperiosa nas relações internacionais, que devem ser mais integradas e solidárias, derrubando os muros do preconceito e do racismo que separam – e desintegram – países e povos.
Ao mesmo tempo em que continuará lutando por avanços que abram caminho para a cidadania plena a todos os brasileiros, a Central Única dos Trabalhadores reafirma o compromisso de redobrar esforços para fortalecer a integração solidária e soberana.
João Antonio Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT
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