7 em cada dez mulheres já sofreram violência no trabalho
A pesquisa “Percepções sobre a violência e o assédio contra mulheres no trabalho”, divulgada esta semana, mostra que 76% das trabalhadoras já sofreram violência no local de trabalho, isso é mais de 7 em cada 10 mulheres.
De acordo com o relatório, elaborado com o apoio da Laudes Foundation, quatro em cada dez mulheres foram alvo de xingamentos, insinuações sexuais ou receberam convites de colegas homens para sair.
Entre as violências mais citadas pelas mulheres e pelos homens que responderam à pesquisa entre os dias 7 a 20 de outubro de forma online estão o trabalho excessivamente supervisionado, xingamentos ou constrangimentos com gritos, convites para sair e insinuações, opiniões não levadas em consideração e elogios constrangedores por atributos físicos.
“Não é novidade para mim, que sofri violência no trabalho por no mínimo três vezes há quase 40 anos e eu nunca denunciei, eu pedi demissão. Isso acontece com muitas outras mulheres. Pelo simples fato de sermos mulheres somos perseguidas, sofremos violência e abusos emocionais”, afirmou a secretária da Mulher Trabalhadora na CUT, Juneia Batista.
“Precisamos reagir e mudar esta realidade e para isso acontecer precisaremos realizar juntas várias ações, mas a primordial delas é denunciar!”, completou a secretária.
Reação empresas e sindicatos
No último dia 9, na reunião do Coletivo Nacional de Mulheres da CUT, as trabalhadoras construíram mais uma etapa do protocolo de prevenção, discriminação e violência por razões de gênero para implementar internamente na Central.
O documento também será compartilhado com sindicatos e entidades filiadas para que, em 2021, o movimento sindical provoque seus patrões e empregadores a colocarem nas negociações coletivas cláusulas sobre a questão do combate à violência no mundo do trabalho.
“Já temos algumas entidades que fazem este trabalho, mas queremos que cada sindicato seja um espaço de acolhimento e de denúncias contra estes crimes trabalhistas. É responsabilidade do sindicato combater violência contra mulher, de qualquer forma e em qualquer lugar”, explicou Juneia.
A diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, falou num trecho do estudo que “a pesquisa revela a urgência de ações pró-ativas por parte das empresas para o enfrentamento das situações de discriminação, constrangimento e assédio contra mulheres no ambiente de trabalho. É preciso que as empresas reconheçam a gravidade dessas situações e respondam com ações concretas e efetivas”.