Balas e canhões não matam sonhos: nossa luta vive em cada estudante do Brasil
São tempos sombrios neste país tropical. Se a queda de Cunha nos dá um respiro, o risco do retrocesso nas conquistas trabalhistas e sociais obtidas nos últimos quinze anos nos bate à porta cotidianamente. Estamos nas ruas, nos protestos e nas marchas, sem trégua, mas assistimos à manipulação midiática, os discursos vazios e a hipocrisia escancarada nos salões de instituições como câmara, senado e justiça.
Nesse turbilhão de informações são eles, os estudantes e as estudantes secundaristas e sua luta por direitos básicos como educação e merenda que nos alimentam para seguir de cabeça erguida construindo o futuro.
O movimento iniciado no final do ano passado com o anúncio da reestruturação das escolas do governo Alckmin de São Paulo, tomou corpo, espalhou-se por vários estados e incentivou professores, artistas, ativistas, sociólogos e sindicalistas a visitarem as ocupações em solidariedade, ministrar aulas, dialogar com os estudantes, enriquecendo e fortalecendo os ideais libertários da nossa juventude.
Agora, com o golpe político e jurídico em andamento, os estudantes retomam suas ocupações. Em São Paulo para exigir justiça e punição aos ladrões da merenda escolar, no Rio, pelo direito à uma escola digna e educação de qualidade.
E apesar de todos os sobressaltos, feliz o país em que seus jovens sonham e lutam. A repressão, o vergonhoso uso de armas e canhões contra crianças a mando de políticos que jamais tiveram compromisso com a democracia e com o direito de bem-estar social não apagarão essa chama.
Pois, parafraseando o educador Rubem Alves, há escolas que são gaiolas, mas há escolas que são asas. Ninguém tirará o trono do estudante, ninguém tirará o trono do estudar!
Lucineide Varjão é presidenta da CNQ-CUT.