MST denuncia empresas beneficiadas pelo BNDES
Entre o fim de 2008 e o início deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) injetou R$ 1 bilhão na empresa sucroalcooleira Brenco, uma das que figuram na “lista suja” do trabalho escravo elaborada pelo Ministério do Trabalho.
A empresa, que possui hoje 20% de seu capital sob controle do banco público, recebeu o montante para a implantação de unidades de processamento de cana e plantação de lavoura em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Até 2015, a Brenco projeta investir R$ 5,5 bilhões na implantação de mais dez unidades.
O aporte financeiro ocorreu meses após fiscais terem encontrado trabalhadores em situação degradante em Goiás e Mato Grosso. Nessa ação, no início de 2008 e direcionada à Brenco, foram registrados 107 autos de infração por violações à legislação, segundo o governo, como alojamento precário, falta de equipamentos de proteção e transporte irregular.
A empresa, que nega as acusações, entrou na Justiça e conseguiu, no mês passado, uma liminar da 12ª Vara do Trabalho de Brasília que impede o ministério de incluí-la no cadastro.
O BNDES, órgão do governo federal que faz propaganda de sua cláusula social, diz que, antes de fechar qualquer contrato, checa a lista do ministério. Caso a inclusão no cadastro ocorra em meio à vigência do financiamento, o banco afirma que pode suspender o desembolso. Sobre a Brenco, diz que não havia nenhuma sentença definitiva contra a empresa no momento da assinatura do contrato, em agosto do ano passado, quando aprovou o financiamento de R$ 1,2 bilhão.
Nos últimos dias, o BNDES passou pelo constrangimento de ter seu nome incluído em denúncias de desmatamento na Amazônia.