6ª Marcha reúne mais de 50 mil trabalhadores
Mais de 200 trabalhadores, entre militantes e dirigentes do Sindicato dos Químicos de São Paulo passaram 34 horas dentro dos quatro ônibus na viagem até Brasília, foram 17 horas de ida e mais 17 horas para voltar. Na ida, alegria e muito bate papo, na volta, o cansaço tomou conta e na maior parte do tempo se ouvia apenas o barulho dos caminhões na estrada.
Em Brasília, durante a Marcha, a frase que no passado embalava as manifestações dos trabalhadores era repetida a todo o momento por homens, mulheres, idosos, jovens e até crianças, ‘trabalhador unido jamais será vencido’. Foi assim nos 4,5 quilômetros que separam a praça em frente ao Estádio Mane Garrincha e a praça em frente ao Congresso Nacional.
A pauta da 6ª Marcha
Este ano em pauta, a cobrança do Congresso para aprovação do projeto de lei que estabelece a política sobre o salário mínimo, a votação da PEC (Projeto de Emenda à Constituição) que reduz a jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas, sem redução de salário. Outras questões, não menos importantes, foram o fator previdenciário, a terceirização e a ratificação das normas da OIT (Organização Internacional do Trabalho) 151 e 158, a primeira estabelece negociação sindical e coletiva no serviço público e a segunda põe fim à demissão imotivada e, por fim, o marco regulatório do pré-sal.
Para Osvaldo Bezerra (Pipoka), coordenador político do Sindicato, a presença de milhares de trabalhadores em Brasília reflete a unidade na luta e a demonstração de força da classe trabalhadora. “Os Químicos de São Paulo não poderiam ficar de fora desse importante momento. Vamos mostrar nossa força e disposição de lutarmos até o fim pela redução da jornada de trabalho e outras importantes conquistas para a classe trabalhadora”, destacou Pipoka. Para Célia Alves dos Passos, dirigente e membro da coordenação do Sindicato, a presença da mulher na 6ª Marcha é fruto da disposição das companheiras em participar do movimento sindical. “Nós mulheres estamos cada dia mais envolvidas no movimento, estamos na linha de frente com os companheiros e vamos conquistar a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário”, falou Célia.
Audiências com Temer e Sarney
Antes de terminar o ato político em frente ao Congresso Nacional, os presidentes das seis Centrais Sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CGTB e NCST) se reuniram em audiência com os presidentes da Câmara, Michel Temer e do Senado, José Sarney.
Temer recebeu a pauta da 6ª Marcha e ao ser questionado sobre a redução da jornada sem redução de salário, cuja PEC está à espera de votação em plenária na Câmara, afirmou: “É uma matéria polêmica. Simplesmente marcar uma data para votação em plenário não dá certo. O que eu quero fazer é sentar com os deputados que representam o grupo contrário à medida e os favoráveis, mais as centrais sindicais e encontrar um caminho para encaminhar o tema com entendimento entre os líderes partidários”.
Já o presidente do Senado, José Sarney, prometeu colocar a ratificação da convenção 151 para votação, como prioridade.
Trabalhadores rumo ao STF
Após o ato da 6ª Marcha, os militantes cutistas seguiram em caminhada até a sede do STF (Supremo Tribunal Federal). Os dirigentes protestaram contra o ‘interdito proibitório’, instrumento da Justiça Cível que, apesar de tratar de direito de propriedade, tem sido aplicado pelo STF, a pedido dos empresários, para impedir mobilizações e greves. Também protestaram contra a criminalização dos movimentos sociais.
Para Domingos Galante, ex-presidente do Sindicato, o presidente do STF, muitas vezes “tem emitido opinião sem antes ler o processo, ou seja, faz um julgamento político e criminaliza os movimentos, o que não deveria acontecer, pois como juiz da suprema corte, deveria emitir um julgamento somente depois de ler o processo”.