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Postado em: 28/09/2010 - 11h45 | Rede Brasil Atual

Chávez conquista maioria no Legislativo, mas vê poder político diminuir

O grupo político do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conseguiu no domingo (26) eleger 95 dos 165 parlamentares da Assembleia Nacional, mas não obteve a maioria desejada que era de 110. A oposição, por sua vez, elegeu 61 políticos. Pela primeira vez, em cinco anos, os partidos de oposição voltam ao cenário político venezuelano. Em 2005, a oposição boicotou as eleições alegando pressão, ausência de democracia e suspeitas de irregularidades de fraudes.

As informações são da BBC Brasil e das estatais, a rede de televisão TVN e a Agência Venezuelana de Notícias (AVN), além do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) – a Justiça Eleitoral do país. O Conselho Nacional Eleitoral informou que o partido dissidente do chavismo, PPT, obteve duas vagas. Pela primeira vez, os grupos indígenas terão uma participação específica no parlamento. Ainda não foram somados todos os votos.
 
As votações na Venezuela não são obrigatórias. Havia cerca de 17,7 milhões de eleitores aptos a votar. Mas, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, a participação foi 66,45%, considerada uma das mais altas da história para eleições legislativas.
 
“Nós alcançamos um importante resultado eleitoral, mas não foi possível conseguir os dois terços. Temos por enquanto 95 deputados, uma maioria contundente”, afirmou o dirigente do PSUV Aristobulo Isturiz. “A meta não foi alcançada, mas esse esforço nos reafirma como a primeira força política do nosso país”, disse ele.
 
Minutos depois, Chávez escreveu em seu perfil no Twitter: “Socialismo bolivariano e democrático. Devemos continuar fortalecendo a revolução. Uma nova vitória do povo, parabéns”. Nos últimos dias, o presidente se esforçou dias para garantir um resultado maior do que o obtido. Ele viajou por todo país, fez comícios e conversou com populares.
 
O resultado é uma “derrota” para o governo, na avaliação do analista político Javier Biardeau, professor da Universidade Central da Venezuela. “É uma derrota política que aponta mudanças no perfil político com que se vinha governando”, afirmou. “É um dos piores cenários para o governo. Voltamos a uma conjuntura semelhante à de 2002 quando a Venezuela viveu o auge da crise política que derivou no golpe de Estado de abril daquele ano”, disse.
 
O porta-voz da coligação opositora MUD, Ramón Guillermo Aveledo, disse que o eleitorado opositor “deverá crescer” nos próximos dois anos, antecipando a disputa para as eleições presidenciais de 2012. “O que ficou demonstrado é que o país tem uma alternativa que se formou graças à convergência e à unidade de gente muito diferente”, afirmou.