Pane no Metrô foi motivada por falha técnica, diz Instituto de Criminalística
A pane no Metrô de São Paulo que levou à paralisação por mais de duas horas de 18 estações da Linha 3 – Vermelha, no dia 21 de setembro, foi provocada por um problema técnico, indica perícia do Instituto de Criminalística (IC). A paralisação do Metrô causou tumulto, pânico e desconforto a 250 mil pessoas e saturou o sistema de transporte público da cidade.
O laudo do IC indica que a superlotação de uma das composições, próxima da Estação Sé, fez um equipamento chamado de micro switch emitir o sinal de porta aberta e impedir o condutor de continuar a viagem. O aparelho impede que a composição trafegue de portas abertas, mas também pode ser ativado se a porta for pressionada pelos corpos dos passageiros. Com a superlotação, a porta foi pressionada e acionou o sinal. A superlotação também pode ter levado algum passageiro a encostar no botão de emergência que permite a abertura das portas enquanto o trem está parado.
Com a conclusão da perícia técnica, Goldman deixou claro que o incidente foi provocado por pane técnica. “Em nenhum momento achei que fosse sabotagem. No trem lotado, alguém encostou no botão de abrir a porta e todos começaram a descer, já que o trem não andava”, afirmou, no dia 25. Técnicos do Metrô ainda estudam uma solução para o problema que pode voltar a se repetir com a superlotação das composições.
Segundo a versão inicial do Metrô, o problema ocorreu devido ao acionamento do botão de emergência de uma das composições, entre as estações Sé e Pedro II, quando seguia sentido Palmeiras/Barra Funda. A ação teria gerado uma interrupção do tráfego e o corte de energia elétrica. Os trens ficaram parados entre as estações com as portas fechadas e sem circulação de ar, já que não havia energia. Alguns passageiros começaram a passar mal, o que levou parte dos usuários a quebrar os vidros das janelas dos vagões para sair dos trens. Centenas de pessoas caminharam pelas linhas do Metrô para escapar dos vagões parados e superlotados.
O Metrô chegou a apontar que uma blusa presa à porta teria levado usuários a acionar o botão que abre as portas, impedido a composição de partir. O atraso teria levado a paradas em cadeia, o que teria se agravado depois que os usuários passaram a caminhar sobre os trilhos. Na versão inicial da empresa, a força elétrica só havia sido desligada depois que os passageiros desceram dos trens.
No dia do incidente, o governador Alberto Goldman (PSDB) insinuou que a paralisação teria sido uma sabotagem, com cunho eleitoral. “Não sabemos a motivação pela qual você encontra uma porta que não foi fechada pela ação de alguém. Se foi casual ou motivado, se foi um acidente ou foi proposital, nós queremos saber”, disse.
A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo soma 17 panes no Metrô de São Paulo só este ano. A última ocorreu na quinta-feira (28/10). No site que acompanha problemas no Metrô, a bancada petista cita que “todas as panes comprovam a fragilidade do sistema” e chama atenção para um “colapso”, se providências imediatas não forem tomadas.