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Postado em: 09/11/2010 - 16h07 | Hélvio Alaeste Benício e José Isaac Gomes

Muitos anos de luta pela consciência negra

A abolição da escravidão em 13 de maio de 1888 não acabou com o sofrimento da população negra no Brasil. Desde então, muita luta tem sido feita para fortalecer a consciência de que a igualdade racial é uma dívida na construção de nossa Nação.

 Uma das principais lutas para a afirmação da cidadania da população negra foi a Revolta da Chibata. Ela ocorreu entre os dias 22 e 27 de novembro de 1910. Na época, a Marinha do Brasil tinha um contingente quase todo formado por negros ou mulatos trabalhando nos navios de guerra, e ‘mesmo vinte e dois anos depois da Lei Áurea ainda havia aplicação de castigo físico. Foi quando mais de dois mil marinheiros se rebelaram pelo fim da chibata. O objetivo foi conquistado, mas João Cândido, seu principal líder, foi preso junto com outras lideranças do movimento nas piores condições que poderia haver e muitos morreram em calabouços. Somente em 2008, o governo Lula reconheceu a responsabilidade do Estado e concedeu anistia post mortem aos participantes do movimento.

 A Revolta da Chibata foi apenas mais uma das muitas lutas dos negros no Brasil pelo reconhecimento da condição de cidadania, assim como a de Zumbi, assassinado no dia 20 de novembro de 1695 após a queda do Quilombo de Palmares, onde aproximadamente 30 mil negros resistiram à escravidão por mais de um século, e que é motivo para a celebração da consciência negra todos os anos.

 A cidadania plena de direitos para a população negra ainda é uma conquista a ser feita no Brasil. Muito temos avançado nos últimos anos, quando o governo Lula criou inúmeros programas sociais voltados aos afrodescendentes e sancionou o Estatuto da Igualdade Racial, que prevê a promoção de políticas públicas de igualdade de oportunidades para afrodescendentes. Mas muitos desafios permanecem nesse terreno.

 Nesse centenário da Revolta da Chibata, queremos lembrar a importância do exemplo de João Cândido e de outros marinheiros que lutaram ao seu lado para a formação da consciência negra no Brasil, única forma para conquistarmos a verdadeira libertação da população negra da discriminação e do preconceito.