Catadores temem incinerador em São Bernardo
Catadores de materiais recicláveis da região do ABC, na Grande São Paulo, mostram preocupação com a iniciativa da prefeitura de São Bernardo do Campo de instalar um incinerador de lixo na região. O projeto está em discussão e é tema de uma audiência pública no município nesta sexta-feira (10).
Apenas há um mês houve uma aproximação entre representantes da administração municipal e o Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR), que teme a perda de oportunidades de trabalho na região.
“Os catadores de todas as cidades do ABC podem ser prejudicados já que as prefeituras vão poder mandar o material para ser incinerado em São Bernardo. Somos contra o incinerador, o dinheiro que vai ser investido nesta usina vai faltar para a coleta seletiva”, afirma a coordenadora estadual do MNCR, Mônica da Silva.
A adoção de incineradores é apontada por gestores públicos como uma alternativa para lidar com os resíduos sólidos em acordo inclusive com a política nacional para a questão, sancionada neste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os principais pontos positivos seriam permitir o saneamento sanitário de áreas usadas como lixões sem o devido aterramento, além de permitir a captação de recursos internacionais por meio do mercado de carbono controlado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Os catadores, porém, temem que a medida signifique queimar, literalmente, a fonte de renda dos trabalhadores. A prefeitura promete garantir centrais de triagem e ampliar a coleta seletiva, mas mesmo assim a iniciativa é vista com desconfiança.
Para Mônica da Silva, a prefeitura de São Bernardo percebeu a mobilização dos catadores e por isso abriu o diálogo com o movimento. O próprio gabinete do prefeito convocou as duas últimas reuniões, quando algumas demandas dos catadores foram ouvidas.
As divergências em relação à prefeitura começaram desde o início da atual gestão de Luiz Marinho (PT), em 2008, e só começaram a ser superadas em novembro, quando duas reuniões foram realizadas entre a prefeitura e o MNCR.
A relação ainda é repleta de arestas, como o próprio fato de que os catadores só tomaram conhecimento da audiência pública desta sexta e dos procedimentos para participar dela no segundo encontro, quando o prazo para inscrição estavam encerrados.
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