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Postado em: 28/03/2011 - 10h21 | Secretaria de Formação

Conhecer a Luta das Mulheres para Transformar o Mundo que vivemos

O Sindicato dos Químicos está em rítimo de campanha salarial do Setor Farmacêutico, ao mesmo tempo em que permanece atuante nas lutas mais gerais da classe trabalhadora. Exatamente por esse motivo, este Boletim nº 5 tem como tema principal a luta das mulheres, que tem no 8 de março o Dia Internacional de Luta das Mulheres.


Ainda estamos aperfeiçoando a lista de endereços eletrônicos para que todos vocês recebam corretamente este boletim. Assim, precisamos da ajuda de todos e pedimos que vocês enviem uma pequena mensagem para sec.formacao@quimicosp.org.br dizendo que recebeu o boletim. Só assim podemos corrigir nossas falhas. Contamos com todos (as)!!
Boa leitura!!

Porque 8 de Março é o Dia Internacional de Luta das Mulheres?

Todo mundo sabe que 8 de Março é o Dia Internacional das Mulheres, mas nem todos sabem o porquê desta data.
Pensando nisso, a Sempreviva Organização Feminista (SOF), lançou a publicação do livro As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres, de Ana Isabel Álvares González, que aborda em profundidade a origem e o significado do 8 de março para a luta das mulheres.

Leia alguns trechos do Boletim da SOF na luta feminista – edição nº 70, de junho de 2010 – sobre o livro:
“…pesquisa que remonta ao incêndio de uma fábrica têxtil nos Estados Unidos, ao movimento em defesa do voto feminino, e à Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em 1910, em Copenhague, em que foi proposta a organização de um dia internacional dedicado à luta das mulheres.
(…) Quando as comemorações do Dia Internacional das Mulheres ganharam fôlego novamente, após os anos 1960, muitas versões foram contadas, e os acontecimentos e motivações que deram origem ao 8 de Março ficaram submersos. Assim, retomar o sentido da comemoração do Dia Internacional das Mulheres é recuperar parte da história de luta das mulheres, de alguns dos seus debates mais importantes, e do esforço das militantes socialistas para convencer suas organizações políticas da centralidade da luta pela libertação das mulheres.

Ana Isabel relata a permanente tensão das militantes socialistas para que as organizações e partidos da classe trabalhadora incorporassem as reivindicações das mulheres. Tensão que aponta para a necessidade de organização delas no interior da esquerda e para a construção do movimento autônomo de mulheres. A história do Dia Internacional das Mulheres traz o debate da difícil construção da luta pela igualdade entre mulheres e homens no conjunto da esquerda, ao mesmo tempo em que mostra os limites da luta feminista quando esta não se insere na busca de transformações estruturais das relações sociais e econômicas…”. (Faria, Nalu. “A importância do 8 de março para a luta das mulheres”. In Boletim da SOF na luta feminista – edição nº 70, de junho de 2010)

Leia a matéria completa na página http://www.sof.org.br/publica/pdf_ff/70.pdf
 
Para conhecer e adquirir esta e outras publicações da SOF, acesse http://www.sof.org.br/
 
História de (algumas) mulheres que lutaram ao longo de nossa história
O Sindicato dos Químicos, através da Secretaria de Gênero e do Coletivo de Mulheres, homenageou algumas mulheres importantes na luta ao longo da História brasileira. Veja quem foram as homenageadas:
 
Escrava Anastácia
Escrava que viveu no século XVIII e sofreu todo tipo de perseguição e violência pelo fato de, muito bonita, resistir ao assédio sexual do senhor de engenho. Foi obrigada por ele a usar uma máscara para o resto da vida. Por tudo isso, foi uma mártir na luta pela emancipação das mulheres e pela libertação dos escravos.
 
 
 
 
Anita Garibaldi
Viveu entre 1821 e 1849. Pode-se dizer que foi a primeira mulher revolucionária brasileira ao atuar na Revolução Farroupilha, uma Guerra Civil de caráter separatista que buscava a independência política do Estado do Rio Grande do Sul e pretendia tornar-se uma República sem o regime escravista.
 
Chiquinha Gonzaga
Nasceu em 1847 e foi a maior personalidade feminina da história da música popular brasileira, testemunhando o nascimento do carnaval e famosa pela composição da primeira marchinha – “Ô abre alas” – tocada e cantada até hoje por muitos foliões. Além disso, foi também uma ativa participante do movimento pela abolição da escravatura, vendendo partituras de porta em porta a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora.
 
Tia Ciata
Contemporânea de Chiquinha Gonzaga, nasceu em Salvador em 1854. Aos 22 anos mudou-se para o Rio de Janeiro fugindo das perseguições que a polícia fazia aos iyalorixás do Candomblé, e para lá levou o samba da Bahia. Foi uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas e, por isso, mais uma vez enfrentou a perseguição da polícia aos encontros. Sua casa, na Praça Onze, era tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era “obrigatório” passar diante dela.
 
Patrícia Galvão (Pagu)
Integrou o movimento antropofágico, um movimento artístico e cultural iniciado na década de 1920 que queria deixar de fazer uma arte com a cara europeia e encontrar uma identidade brasileira através da arte. Tornou-se militante do Partido Comunista. Foi a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas quando participava da organização de uma greve de estivadores em Santos, e torturada durante a ditadura do Estado Novo. Além do jornalismo, dedicou-se também à literatura, à crítica de arte, participou intensamente do teatro de vanguarda, traduzindo peças, escrevendo, dirigindo, atuando como animadora cultural, incentivando grupos amadores.
 
Olga Benário
Judia e comunista alemã, Olga ingressou no movimento em 1923 refugiando-se na União Soviética para escapar de perseguições. Lá, conheceu Luis Carlos Prestes – o “cavaleiro da esperança” – principal liderança popular do Partido Comunista do Brasil (PCB) e membro da Internacional Comunista.
Veio clandestina ao Brasil para organizar uma revolução no Brasil. Depois de frustrada a tentativa de revolução, Olga foi presa pela polícia de Getulio Vargas e enviada à Casa de Detenção, onde descobriu que estava grávida de Prestes. Iniciou-se então um movimento internacional de pressão sobre Vargas para impedir sua deportação de volta à Alemanha. Após um longo processo no Judiciário brasileiro, saiu a sentença de deportação, grávida de 7 meses. Foi assassinada pelo regime nazista na câmara de gás. Seu bebê conseguiu, depois de muita batalha, ficar sob a guarda da avó brasileira, e depois de alguns anos no México, veio morar e crescer no Brasil.
 
Bertha Lutz
Nasceu em São Paulo, em 1894. Formou-se zoóloga pela Universidade de Sorbonne, em Paris, e tornou-se cientista como seu pai, o conceituado médico Adolfo Lutz. Em 1919, destacou-se na busca de igualdade de direitos jurídicos entre os sexos, e, em 1922, representou o Brasil na Assembleia Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, realizada nos Estados Unidos, sendo eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. De volta ao Brasil, fundou a Federação para o Progresso Feminino, iniciando a luta pelo direito de voto para as mulheres brasileiras. Assumiu um mandato de deputada federal em 1936, tendo como principais bandeiras de lutas as mudanças na legislação trabalhista com relação ao trabalho feminino e infantil, e até mesmo a igualdade salarial. Em 1937, com o golpe do Estado Novo, teve o mandato cassado pela ditadura de Vargas.
 
Maria Bonita
Foi a primeira mulher a participar do cangaço, ao juntar-se, em 1930, ao grupo Virgulino Ferreira, o Lampião, já famoso como o “rei do cangaço”. O cotidiano das mulheres no cangaço não era fácil, mas permitia vislumbrar uma vida muito diferente das demais mulheres, presas ao poder patriarcal das famílias e ao duro trabalho no campo.
 
 
Iara Iavelberg
Nasceu em 1944 e, em 1971, aos 27 anos, foi assassinada por militares na Bahia, onde se encontrava para iniciar a organização de trabalhadores rurais pela transformação revolucionária do país. No mesmo sertão que, décadas antes, Lampião e Maria Bonita tinham organizado o cangaço. Pertenceu aos quadros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um agrupamento comunista que tinha a estratégia de fazer uma revolução no país a partir de focos guerrilheiros na área rural.
 
Margarida Maria Alves
Nasceu e morreu em Alagoa Grande, na Paraíba, quando tinha 50 anos de idade.
Como presidente do sindicato dos trabalhadores rurais, foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na justiça do trabalho local na luta por direitos básicos, tais como registro na carteira de trabalho, 13º salário, jornada de trabalho de 8 horas e férias. Sua atuação no sindicato entrou em choque com os interesses da maior usina de açúcar local (a Usina Tanques), cujo gerente foi acusado de ser o mandante do assassinato. Foi assassinada por um matador de aluguel com uma escopeta calibre 12 no dia 12 de agosto de 1983, poucos dias antes do Congresso de fundação da CUT, onde estaria presente. Por tudo isso, é considerada um símbolo na luta pelos direitos dos trabalhadores rurais e recebeu, postumamente, o prêmio Pax Christi Internacional em 1988.
 
Maria da Penha
Em 1983, seu ex-marido, o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez atirou contra ela, simulando um assalto, e na segunda tentou eletrocutá-la. Por conta das agressões sofridas, ficou paraplégica. Nove anos depois, ele foi condenado a oito anos de prisão. Por meio de recursos jurídicos, ficou preso por dois anos. Solto em 2002, hoje está livre. O episódio chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e foi considerado, pela primeira vez na história, um crime de violência doméstica. Seu caso impulsionou a luta contra a impunidade de violência contra as mulheres, que resultou na lei que leva seu nome: lei Maria da Penha.
 
Trechos do discurso de posse da presidente Dilma Roussef
 “Pela decisão soberana do povo, hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá o ombro de uma mulher. Sinto uma imensa honra por essa escolha do povo brasileiro e sei do significado histórico desta decisão. Sei, também, como é aparente a suavidade da seda verde-amarela da faixa presidencial, pois ela traz consigo uma enorme responsabilidade perante a nação.
 
Para assumi-la, tenho comigo a força e o exemplo da mulher brasileira. Abro meu coração para receber, neste momento, uma centelha da sua imensa energia.
 
E sei que meu mandato deve incluir a tradução mais generosa desta ousadia do voto popular que, após levar à presidência um homem do povo, um trabalhador, decide convocar uma mulher para dirigir os destinos do país.
Venho para abrir portas para que muitas outras mulheres também possam, no futuro, ser presidentas; e para que – no dia de hoje – todas as mulheres brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher.
 
Não venho para enaltecer a minha biografia; mas para glorificar a vida de cada mulher brasileira. Meu compromisso supremo – eu reitero – é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos!
… Queridas brasileiras e queridos brasileiros, chegamos ao final deste longo discurso. Queria dizer a vocês que eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei, como muitos aqui presentes, minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco não tenho ressentimento ou rancor.

Muitos da minha geração, que tombaram pelo caminho, não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista, e rendo-lhes minha homenagem.

Esta, às vezes dura, caminhada me fez valorizar e amar muito mais a vida e me deu sobretudo coragem para enfrentar desafios ainda maiores. Recorro mais uma vez ao poeta da minha terra: ‘O correr da vida – diz ele – embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem’.”
 
“Maria, Maria”
Junto a estas homenageadas que fizeram parte importante da história de lutas, milhares de tantas outras mulheres, anônimas, vêm contribuindo na construção de um Brasil mais igualitário nas relações de gênero. A todas estas, rendemos nossa homenagem através da música “Maria, Maria”, de Milton Nascimento e Fernando Brandt. Para ouvi-la, acesse a música no site http://www.youtube.com/watch?v=91OONh8fQsU&feature=player_embedded.
 
Bandeiras de luta das mulheres da CUT na atualidade
 
Neste 8 de março de 2011, as mulheres da CUT foram às ruas junto com outros movimentos defendendo as seguintes bandeiras, aprovadas pelo Coletivo Nacional de Mulheres:
• EIXO 1: Por igualdade no Trabalho: mulheres em todos os cargos e profissões com igualdade salarial!
• EIXO 2: Pela valorização do salário mínimo
• EIXO 3: Creche: um direito da criança e da família, e responsabilidade do Estado
• Eixo 4 : Violência contra a mulher: tolerância nenhuma
 
Levante alto essas bandeiras!!!!
No mês de abril, o Boletim nº 6 abordará o tema dos Direitos Humanos, para lembrar de inúmeros militantes que tombaram na luta contra a ditadura militar, 47 anos após sua instauração. Também abordaremos sobre as vítimas de acidente de trabalho. Se você tem alguma sugestão, envie e-mail para sec.formacao@quimicosp.org.br, ou entre em contato pelo telefone 3209-3811 (ramais 253 ou 254)