Sacolinhas, o custo quem paga é você
A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou e o prefeito Gilberto Kassab sancionou a Lei 15.374 que proíbe a distribuição ou venda de sacolas plásticas no município. A Lei ainda prevê a afixação de placas informativas com o seguinte texto: “Poupe recursos naturais! Use sacolas reutilizáveis”. E com essa medida isolada pensam ser possível resolver todos os problemas ambientais.
O Sindicato dos Químicos de São Paulo apoia qualquer medida que preserve o meio ambiente e, por isso, considera positivo que leis proponham medidas sócio-educativas. No entanto, a proibição das sacolinhas não foi discutida em nenhuma instância da sociedade. Trabalhadores, sindicatos, consumidores e demais atores sociais ficaram de fora das discussões e são contrários à Lei aprovada. O motivo foi apenas um: banir as sacolas plásticas não traz nenhum benefício ao meio ambiente.
Estudo recente mostra, inclusive, que entre as sacolas utilizadas para o transporte de mercadorias a plástica é a que tem menor impacto ambiental. O mesmo estudo alerta para o perigo da contaminação das sacolas reutilizáveis. Transportar produtos de limpeza como água sanitária junto com alimentos não parece ser boa ideia. Carnes e peixes também podem contaminar as sacolas reutilizáveis, em especial as de algodão.
Infelizmente, o que está em jogo são os empregos de 4 mil trabalhadores punidos por uma medida que só faz publicidade e não resolve nada. A produção e distribuição das sacolinhas não é o problema. O problema é exclusivamente a forma como o lixo é reciclado na cidade de São Paulo. Porque não se pensa em leis para coleta de lixo eletrônico, pneus, óleo e outros materiais que são jogados no meio ambiente? A coleta seletiva é a solução! E mais, seriam poupados cerca de 12 bilhões por ano se houvesse coleta seletiva.
A fantasia criada em torno das sacolinhas plásticas é exclusivamente um jogo político que, ao mesmo tempo, demoniza a embalagem e privilegia o lucro dos supermercados. Não é uma discussão ambiental. Os supermercados que já cobravam as sacolinhas de forma indireta, agora lucrarão com a venda de outras sacolinhas, recicláveis ou não. A Lei é uma forma concreta de Kassab taxar as embalagens em supermercados e destinar a arrecadação de forma direta para os supermercados.