É mais barato tratar do que atacar causa da doença
Na avaliação de especialistas presentes na 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, em Brasília, o modelo adotado no Brasil para enfrentar acidentes de trabalho prioriza a compensação do dano causado ao invés de promover a prevenção. Segundo Armando de Negri, representante do Fórum Mundial da Saúde (FSMS), essa escolha é motivada por questões financeiras. “É muito mais barato manter o trabalhador na britadeira do que pensar em novas tecnologias, até porque o custeio do tratamento do dano causado será dividido com toda a sociedade”, analisou, durante um debate que abordou proteção social e os desafios da seguridade e da reabilitação.
“Mais de 70% das pessoas em reabilitação no Brasil não consegue voltar em menos de 240 dias e isso incapacita permanentemente para o mercado, porque ela permanece por muito tempo fora. Nosso sistema cria a síndrome da incapacidade prolongada e temos que lidar com isso de uma forma técnica, inteligente e com integralidade de atenção que decidimos para esse sistema e não conseguimos operar”, apontou Mônica de Lima, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), também defendendo a necessidade de se adotar métodos eficientes para evitar acidentes em locais de trabalho. “O que vemos é o Estado atender o sequelado sem discutir o modo de produção. Isso não é vigilância da saúde é vigilância da doença. Não é para discutir epidemiologia”, criticou Wanderlei Pignati, professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).