Trabalhadores do Butantan em estado de greve
Os trabalhadores da Fundação Butantan decidiram em Assembleia hoje (13) que retornarão ao trabalho, mas que permanecem em estado de greve até o julgamento no Tribunal Regional do Trabalho, que deve acontecer nos próximos dias.
Os trabalhadores preferiram não formalizar o fim da greve antes do julgamento sobre as demissões imotivadas e o enquadramento sindical. Em estado de greve, os trabalhadores podem retornar à greve a qualquer momento, sem ser necessário o comunicado 48 horas antes. “A qualquer ameaça ou abuso, os trabalhadores podem parar novamente”, afirma Osvaldo Bezerra, o Pipoka, coordenador geral do Sindicato.
Segundo Bezerra, os trabalhadores estão mobilizados e conscientes dos abusos dos patrões. “Os trabalhadores estão identificados com a luta do Sindicato e esta greve consolida a entidade por sua atuação.”
Entenda o caso
Os trabalhadores entraram em greve no dia 8 de maio (sexta-feira). A diretoria da Fundação está impondo o Senalba (Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado de São Paulo) de forma autoritária aos trabalhadores. “O objetivo é retaliar direitos dos trabalhadores. O Sindicato dos Químicos tem uma das melhores convenções coletivas do País e, filiando os trabalhadores a um outro sindicato, a Fundação tenta cortar direitos adquiridos”, salienta a diretora do Sindicato dos Químicos, Elaine Blefari.
O Senalba não representa a atividade-fim da Fundação, que é a produção de imunobiológicos e essa medida vai contra a Convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que trata da liberdade e autonomia sindical.
Os problemas na Fundação são recorrentes e a falta de diálogo e desrespeito à Convenção Coletiva é regra para os patrões. O enquadramento da Fundação junto ao Sindicato dos Químicos só ocorreu em 2010 após muita luta. Os trabalhadores estavam há anos sem receber dissídio coletivo e PLR e, em 2012, o Sindicato intermediou a negociação do pagamento retroativo dos últimos cinco anos, mas a Fundação novamente tentou burlar o acordo e os pagamentos. No ano passado o Sindicato fez novas denúncias, inclusive no Senado, com o apoio do Senador Eduardo Suplicy, sobre o desmonte da Fundação e a paralisação de produção de vacinas.