Banco Central eleva Selic para 12,25% no último mês de Campos Neto
O Banco Central (BC) anunciou, na última reunião do Copom sob o comando de Roberto Campos Neto, a elevação da Selic em 1 ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano. A decisão mantém o Brasil entre os países com os juros reais mais altos do mundo, cerca de 7%, e gerará um aumento de R$ 55 bilhões nos gastos da União com juros da dívida pública, além de impactar negativamente a economia e o custo de vida da população.
O BC justificou a medida citando a piora nas expectativas de inflação e a valorização do dólar, mas analistas e representantes sindicais contestam. Juvandia Moreira, da Contraf-CUT, classificou a decisão como “boicote ao crescimento econômico”, beneficiando bancos e investidores em detrimento das famílias, empresas e do Estado. Dados do Dieese reforçam o peso da Selic alta nos gastos públicos: só em 2023, foram R$ 732 bilhões pagos em juros, 4,3 vezes mais do que o investimento no Bolsa Família.
Nosso Sindicato, juntamente com a CUT, sempre estiveram na luta pela redução dos juros, que não é boa para o trabalhador. Essa política de juro alto só atende aos interesses do mercado financeiro.
Economistas também questionam a eficácia da Selic para controlar a inflação, sugerindo o uso de outros instrumentos, como swaps cambiais, para conter a valorização do dólar. Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, criticou a política de juros elevados no Brasil, chamando-a de “pena de morte” para o crescimento econômico e defendendo taxas mais baixas como estímulo ao desenvolvimento.
Essa foi a última atuação de Campos Neto, que deixará o cargo no final de dezembro sob a sombra de investigações por conflito de interesses devido a empresas em paraísos fiscais. Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, assumirá a presidência do BC em janeiro.