Lula recebe a faixa das mãos do povo brasileiro e chora ao falar da fome - Sindicato dos Químicos de São Paulo
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Postado em: 02/01/2023 - 10h44 | Vitor Nuzzi (RBA)

Lula recebe a faixa das mãos do povo brasileiro e chora ao falar da fome

Nos últimos dias as especulações ganharam espaço sobre quem entregaria a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da ausência fugidia do antecessor. O mistério acabou pouco antes das 17h deste domingo (1º), quando Lula – depois de ser empossado no Congresso e receber honras militares – recebeu, simbolicamente, a faixa presidencial do “povo brasileiro”, representado por sete cidadãos. E chorou várias vezes ao falar de pobreza e desigualdade no país.

Subiram a rampa o nadador Francisco, de 10 anos, menino negro morador de Itaquera, zona leste de São Paulo, e o cacique indígena Raoni, 90. Incluindo uma catadora de materiais recicláveis (Aline Sousa, 33), um professor (Murilo Jesus, 28), uma cozinheira (Jucimara Santos), Ivan Baron, que teve meningite aos 3 anos e ficou com paralisia cerebral, o metalúrgico Wesley Rocha, 36, e o artesão Flávio Pereira, 50, que participou do acampamento Lula Livre, em Curitiba, durante a prisão do ex e agora novamente presidente da República.

Governar para todos
Lula e Rosângela, a Janja, Geraldo e Lu Alckmin subiram a rampa do Palácio do Planalto às 16h54. Com eles, a cachorrinha vira-lata Resistência, adotada durante o período da vigília. No trajeto, Lula chorou várias vezes, enquanto a banda tocava músicas como a Bachiana Brasileira nº 5 e o Trenzinho do Caipira, de Villa-Lobos, e Amanhã, de Guilherme Arantes. No discurso, emocionou-se novamente.

No parlatório, Lula abriu seu segundo pronunciamento do dia agradecendo quem esteve naquela vigília, mas lembrando que governará para “215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim”. A chapa vencedora recebeu 60.345.999 votos (50,9% dos válidos). Ele ressaltou que o verde-amarelo é de toda a população. E insistiu em pacificação. “A ninguém interessa um país em pé de guerra, uma família vivendo em desarmonia. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou”.

Sem divisão
O presidente repetiu afirmação feita após a vitória, em 30 de outubro. “Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca”, afirmou.

Na sequência, ele falou sobre uma “volta ao passado que muitos consideravam enterrado” no Brasil. “A desigualdade e a pobreza voltaram a crescer, a fome está de volta”, afirmou. “É um crime, o mais grave de todos, contra o povo. (…) É inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% de pessoas.” Lula chorou ao falar de pessoas que ficam nos sinais de trânsito com cartazes de papelão pedindo ajuda ou aquelas que procuram comida entre restos e ossos.

Governo de destruição
E observou ainda que seu governo provou ser possível conciliar crescimento econômico com inclusão social, transformando o Brasil na sexta economia mundial “Nunca fomos irresponsáveis com dinheiro público. (…) Nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro.”

Por outro lado, Lula afirmou que parte do que foi feito acabou sendo destruído, primeiro no “golpe contra Dilma e os quatro anos de um governo de destruição nacional, cujo legado a história jamais perdoará”. Citou os 700 mil mortos pela covid-19, “125 milhões sofrendo algum grau de insegurança alimentar e 33 milhões passando fome”.

Mais que estatísticas, disse Lula, “são pessoas homens, mulheres e crianças vítimas de um governo afinal derrotado pelo povo no histórico 30 de outubro de 2022”. Assim como no Congresso, o presidente disse que o governo de transição elaborou diagnóstico com a “real dimensão da tragédia”, referindo-se ao legado que recebeu. Um “relatório do caos”, definiu. Assim, concluiu, é preciso uma “frente ampla”, um mutirão nacional contra a desigualdade. Além de investimentos e de políticas coo o retorno da política de valorização do salário mínimo.

Depois das atividades no Congresso e área externa do Palácio do Planalto, Lula e Alckmin passaram a receber os chefes de Estado de dezenas de países. Também haverá a posse coletiva dos ministros – durante a semana, posses individuais. O dia termina com recepção no Itamaraty. Enquanto isso, na Esplanada dos Ministérios, diversos artistas fazem shows musicais.

Leia a íntegra do discurso no parlatório no site da CUT