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Postado em: 20/11/2020 - 12h22 | Redação

Protestos no Carrefour contra assassinato covarde de um cliente negro marcam Dia da Consciência Negra

A Marcha da Consciência Negra de São Paulo, que acontece todos os anos no dia 20 de novembro, este ano teve protesto em frente à loja do Carrefour Pamplona, pelo assassinato de João Alberto Silveira, 40, consumidor negro que foi covardemente assassinado pelos seguranças do Carrefour de Porto Alegre (RS).

O caso não é novidade na rede de supermercados. Em 2009, o vigia e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, 49, também negro, foi absurdamente ‘confundido’ com um ladrão, acusado de roubar o próprio carro, um EcoSport.

No início de setembro, uma mulher que trabalhava como auxiliar de cozinha na rede Atacadão, ligada ao Carrefour, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, foi demitida após reportar aos chefes ações racistas e de intolerância religiosa. Ela recebeu um avental com a inscrição “só para branco usar”.

Em setembro de 2018, Luís Carlos Gomes, negro e deficiente físico, foi agredido por seguranças da unidade de São Bernardo do Campo no ABC paulista, após as câmeras de segurança terem flagrado o consumo de uma lata de cerveja dentro da loja.

De acordo com o Atlas da Violência 2020, a taxa de homicídios da população negra no Brasil saltou de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes entre 2008 e 2018, o que expressa um aumento de 11,5% no período.

Racismo mata

Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Silva, a política racista praticada no Brasil coloca negros e negras na linha de frente da desigualdade. “É uma história que se repete, de assassinatos e uma violência em suas várias formas, frente a um governo que tem papel fundamental na construção e execução de uma política que vai desenhando quem morre e quem vive. É assim somos colocamos na linha de frente para sermos trucidados”.

Presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, apontou que a marcha deste ano enfrenta duas grandes pandemia a do coronavírus e a do preconceito. “As atividades de 20 de novembro neste ano são marcadas pela pandemia e, infelizmente, por mais um ato covarde e rascista que resultou no assassinato de um rapaz negro em Porto Alegre. Não vamos deixar isso passar impune, cobraremos punição dos responsáveis por mais essa barbaridade e é, portanto um dia de luta contra a opressão que historicamente a classe trabalhadora sempre enfrentou”, aponta.

Professor de História e especialista em direitos humanos, diversidade e violência André Leitão destaca a importância de afirmar que o Dia da Consciência Negra é uma conquista daqueles que lutam diariamente contra o racismo. “Primeiro, acho importante que se a gente tem pelo menos um dia em que o debate racial alcança relativa centralidade aqui no país é por conta de uma mobilização histórica de negros e negras, em contraposição ao discurso nacional racista do 13 de maio. Mas para além dessa data, temos o dia a dia, e se manter vivo em um país estruturado pelo racismo é o nosso maior ato político.”

Apesar das conquistas, destaca, a ampliação da luta em defesa da igualdade passa por ocupar os espaços públicos e enfrentar um governo com alto viés racista e lembrar que a principal vítima da pandemia de coronavírus desprezada pelo presidente Jair Bolsonaro é a população negra.

Denuncie!

No início deste mês, a CUT-SP lançou um canal de denúncias contra o racismo no estado paulista.

A proposta deste canal, que envolve o acompanhamento de uma equipe de advogados que prestarão atendimento gratuito, é receber denúncias de racismo que ocorram dentro do mundo do trabalho, dar desdobramento e cobrar respostas às instâncias necessárias. (Clique aqui para saber mais).

*Com informações da CUT