Juros do cheque especial batem recorde e penalizam a sociedade
Em junho deste ano, o Banco Central registrou a maior taxa média de juros do cheque especial da série histórica: 322,23% ao ano. Em 1994, pior ano até então, a taxa chegou a 293,95% ao ano.
Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Juvandia Moreira, a situação além de facilitar o aumento do endividamento do cidadão, prejudica toda a população, levando a queda nos investimentos, desemprego e aumento das desigualdades sociais. “A manutenção de taxas de juros altas suga o dinheiro da sociedade. O dinheiro é utilizado por quem tem dinheiro para ter mais dinheiro. Quem não tem dinheiro é excluído dessa sociedade”, afirmou.
Mesmo com a Taxa Básica de Juros (Selic) em 6%, menor patamar histórico, os bancos seguem cobrando juros exorbitantes de quem utiliza o cheque especial. A média geral dos bancos é reduzida pelas taxas cobradas nos bancos públicos, que, mesmo assim, são extremamente elevadas: 298,9% na Caixa Econômica Federal e 298,5% no Branco do Brasil (dados de junho). No final de julho, a Caixa reduziu sua taxa para aproximadamente 213% ao ano. Em alguns bancos privados as taxas se aproximam de 400% ao mês.
Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander lucraram R$ 85,9 bilhões em 2018, uma alta de 16,12% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre deste ano, com exceção da Caixa que ainda não divulgou seu balanço, os outros quatro bancos alcançaram lucros de R$ 42,4 bilhões, um crescimento de 20,4% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Dados do Banco Central demonstram que o cheque especial é responsável por aproximadamente 10% dos lucros obtidos na área de crédito do sistema bancário. E tem um retorno mais rápido para as instituições. “Vivemos em um mundo capitalista, no qual o lucro é a meta. Neste sistema, quanto maior o lucro, melhor a empresa. Para os capitalistas, o ser humano não é importante. O que importa é o lucro. Quanto maior, melhor”, conclui a presidenta da Contraf-CUT.