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Postado em: 30/11/2016 - 14h01 | Redação

Fidel Castro deixa legado político e de desenvolvimento

No último dia 25 morreu em Havana, aos 90 anos, Fidel Castro, ex-presidente e líder da Revolução Cubana. Castro governou Cuba por 49 anos sob o regime socialista e deixou como legado um país com mais acesso à educação e saúde. 

Em uma de suas últimas aparições públicas, durante o 17º Congresso do Partido Comunista, em abril deste ano, Fidel reafirmou as suas ideias sobre o comunismo: “A hora de todo mundo vai chegar, mas ficarão as ideias dos comunistas cubanos, como prova de que neste planeta se trabalha com fervor e dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais que os seres humanos necessitam, e devemos lutar sem descanso para isso”.

Histórico

Nascido em 13 de agosto de 1926, na pequena aldeia de Birán, Fidel Castro se formou em Direito pela Universidade de Havana. Aos 26 anos, em 1953, liderou uma primeira tentativa de derrubar o ditador Fulgencio Batista. Foi exilado no México, onde articulou mais partidários contra o governo, que era colaboracionista com os Estados Unidos. Em 1º de janeiro de 1959 os revolucionários conseguiram derrubar a ditadura de Batista, e Castro foi nomeado presidente.

Fidel governou durante 49 anos, até fevereiro de 2008, quando passou o poder ao seu irmão mais novo, Raúl Castro.

A partir da Revolução, o governo cubano aproximou-se da União Soviética, em detrimento do imperialismo norte-americano, que imperava na ilha anteriormente. Isso causou uma série de conflitos com os Estados Unidos, sendo o principal deles a tentativa de invasão do exército americano à Baía dos Porcos, em 1961. Durante os 49 anos de governo, Fidel foi alvo de 638 complôs e tentativas de assassinato.

Desde o início, os Estados Unidos instituíram um embargo econômico a Cuba, dificultando o seu crescimento econômico. Durante a Guerra Fria, a ilha mantinha relações comerciais, mas com o fim desse período, em 1989, perdeu seu principal parceiro. O governo cubano sempre prezou por sua soberania e mesmo com uma economia que não apresentava crescimentos significativos, o regime de Fidel priorizou o bem da população e nunca deixou de investir na educação e na saúde.

Legado em saúde e educação

Mesmo com uma economia inferior a de muitos países da América Latina, Cuba é o país que possui a melhor colocação na lista do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em 67º lugar – o Brasil está na 75ª posição –, de um total de 188 países avaliados. A lista é formulada pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), da ONU (Organização das Nações Unidas), a partir de dados sobre a qualidade de vida da população: riqueza, educação, expectativa de vida e taxa de natalidade.

Cuba investe 10% de seu PIB (Produto Interno Bruto) em educação – é o país com maior porcentagem do PIB em investimento para o setor da América Latina – e obtém resultados muito bons: 99,8% da população é alfabetizada. Com esse número, Cuba é o único país da América Latina que atingiu metas de educação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), de alfabetização universal.

No país, todo ensino é público, inclusive o superior. Por isso, a média de permanência escolar é muito acima do mínimo. Enquanto espera-se que os cidadãos estudem por 9 anos, em Cuba a média de estudos é de 20,5 anos.

O acesso à saúde é universal e gratuito. Segundo os dados do PNUD, para cada mil habitantes, existem 680 médicos e dentistas, e eles se espalham por todo o território do país. O programa Mais Médicos trouxe muitos profissionais cubanos para trabalhar com a saúde da família, visitando comunidades. Essa prática existe em Cuba e garante o menor índice de mortalidade infantil da América Latina: 5,8 para cada mil nascimentos. A expectativa de vida do país é de 79 anos, enquanto no Brasil é de 75,2 anos.

Repercussão

A morte de Fidel causou comoção pelo mundo. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, resumiu o papel do revolucionário: “na direção de Cuba por quase meio século, deixou uma grande marca em seu país e na política global”.

O ex-presidente Lula mantinha relações com Fidel e, ao saber da morte, declarou: “Para os povos de nosso continente e os trabalhadores dos países mais pobres, especialmente para os homens e mulheres de minha geração, Fidel foi sempre uma voz de luta e esperança”. Lula completou que ele deixou um legado eterno de “dignidade e compromisso por um mundo mais justo”.

A ex-presidenta Dilma Rousseff define Fidel como “um homem que soube unir ação e pensamento, mobilizando forças populares contra a exploração de seu povo. Foi também um ícone para milhões de jovens em todo o mundo”.