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Postado em: 16/03/2018 - 15h22 | Redação

Democracia, mulheres e negros permeiam os debates do Fórum Mundial

Termina amanhã o FSM 2018 (Fórum Social Mundial), que está sendo realizado em Salvador, desde o início da semana.

O evento reuniu mais de 60 mil pessoas de 120 países em inúmeras mesas de debates, sobre diversos temas. As discussões sobre democracia foram intensas e permearam boa parte dos debates, dado o momento político em que vive o País.

Em 15 de março foi lançado o Comitê Internacional de Solidariedade a Lula e à Democracia. “Os inúmeros ataques à Constituição brasileira, os constantes cortes de direitos e a perseguição ao ex-presidente Lula vêm chamando a atenção de todo o mundo”, avalia Célia Alves Passos, secretária da Mulher do nosso Sindicato, que está participando do Fórum ao lado de outros dirigentes dos Químicos de São Paulo.    

O Fórum acontece na capital baiana, que é a capital mais negra do País, com 82% da população composta por afrodescendentes. Salvador é também a cidade de maior população negra fora da África. A intensa participação de negros e mulheres chamou a atenção nesta edição do Fórum.

Debates sobre crimes raciais, principalmente contra os jovens, e feminicídio, principalmente contra as mulheres negras, fizeram parte da programação. 

Na tarde de 15 de março a marcha Mulheres contra o Racismo tomou conta das principais ruas de Salvador para lembrar a morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista, Anderson Pedro Gomes, no dia anterior. 

Marielle era reconhecida ativista dos direitos humanos e denunciava com frequência a violência policial no Rio. Um dia antes de morrer usou as redes sociais para questionar a ação da PM, relacionada à morte de Matheus Melo de Castro, de 23 anos. A vítima foi morta a tiros na noite desta segunda-feira  (12), quando voltava de uma igreja evangélica. Familiares acusam policiais pela morte.

“Enquanto discutíamos o racismo e o feminicídio aqui, em Salvador, uma ativista negra, mulher e pobre foi assassinada no Rio de Janeiro”, diz Rosana Sousa Fernandes, diretora do Sindicato e membro da executiva da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Na avaliação da dirigente, a luta pelo combate racial foi a grande marca desse Fórum. “Os negros têm os piores empregos e são os mais precarizados em todo o País, inclusive na nossa categoria. É preciso construir uma sociedade mais justa e igualitária, com oportunidade para todos”, avalia Rosana.   

Querem me prender? Eu falarei pela voz de vocês, diz Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou a Assembleia Mundial em Defesa das Democracias, ontem (15), e fez menção ao assassinato da parlamentar, o qual chamou de “barbaridade”, também disse: “Hoje as ideias de Marielle tomaram o Brasil inteiro”.

A assembleia foi marcada por homenagens à vereadora carioca Marielle Franco e manifestações de apoio ao ex-presidente.

Dentre as falas pró-Lula, estão as do ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya, deposto por um golpe em 2009, e as do deputado francês Éric Coquerel.

Lula também comentou a possibilidade de prisão devido à condenação em segunda instância. “Eles podem fazer qualquer coisa conosco, mas as nossas ideias já estão no ar”, afirmou. “Querem me prender? Eu falarei pela voz de vocês. Eu andarei pela perna de vocês. Eu pensarei pela cabeça de vocês”, acrescentou o ex-presidente. “Ainda tenho de prestar contas ao povo brasileiro”, disse o petista, referindo-se a projetos e realizações que não executou durante seus dois mandatos.

O dirigente do nosso Sindicato, Carlos Eduardo Brito, o Carioca, define a participação de Lula como o ponto alto do Fórum. “Emocionante a fala do ex-presidente, dizendo que está disposto a qualquer coisa para tirar o País da lama”, avaliou. 

Ao chegar a Salvador, entre outras atividades, Lula passou por um ritual de proteção indígena. Durante o evento com lideranças políticas da região, disse que os opositores “não querem uma América Latina desenvolvida”, uma das razões que explicam o momento atual. “Por isso que cassaram a Dilma, o Lugo e perseguem a Cristina”, disse, referindo-se a Fernando Lugo (Paraguai) e a Cristina Kirchner (Argentina).

Participação intensa dos Químicos

Uma delegação de sete dirigentes do Sindicato dos Químicos de São Paulo participou do Fórum Social Mundial 2018: Alex Ricardo Fonseca, André Pereira Rodrigues, Carlos Eduardo de Brito (Carioca), Célia Alves dos Passos, José Deves Santos da Silva, Núbia Ferreira de Freitas e Rosana Sousa Fernandes. Representando a Confederação Nacional do Ramo Químico, participaram os dirigentes Lucineide Varjão Soares (Lú), Helio Rodrigues e Edielson Souza Santos.