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Postado em: 12/03/2007 - 09h38 | Redação

Um século e meio de lutas e resistência

“Maria, Maria é um dom, uma certa magia.
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive apenas agüenta
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo essa marca
Maria, Maria mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania de ter fé na vida”

Milton Nascimento e Fernando Brant

Há 150 anos, em 1857, milhares de mulheres trabalhavam 16 horas por dia, como operárias de fábricas. Sem a mínima condição de conviver com os filhos e marido e suportavam situações hostis, discriminação, repressão e opressão.

Nas fábricas, o ambiente quente, úmido, sem ventilação adequada, se soma à comida sem gosto de um almoço corrido.

No fim do mês, o salário: 30% do que ganha um homem. Mal dava para ajudar em casa. O valor é muito pequeno, mas a necessidade e a miséria batem à porta e as obrigam a continuar até onde o organismo suportar.

A situação das trabalhadoras fica insuportável em diversos países, até que em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova York, EUA, fizeram uma greve, ocuparam a fábrica e reivindicavam melhores condições de trabalho, redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas, equiparação de salários com os homens, as mulheres chegavam a receber 1/3 do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho – e reivindicavam também tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com violência e as mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram queimadas.

Após 150 anos dessa ocorrência que matou 130 mulheres, as trabalhadoras em todo o mundo continuam sua luta por igualdade de oportunidades, respeito, jornada de trabalho digna e qualidade de vida.

Nesse um século e meio, a capacidade de luta e mobilização das mulheres garantiu melhores condições, mais respeito e dignidade, no entanto, a jornada continua desumana. Discriminação e violência ainda são tristes realidades que acompanham o mundo feminino e perturbam a sociedade.

A mobilização
Neste ano, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) definiu três eixos básicos para nortear as comemorações do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. São eles: combate à violência contra a mulher; salário igual para trabalho de igual valor e participação e poder. A partir dessa orientação os sindicatos do ramo químico da CNQ em todo o Brasil organizam atividades, palestras, debates e manifestações no decorrer do mês de março para para marcar a data.

Em São Paulo, ocorreu no domingo, 4 de março, o “CUT Cidadã Mulher”, na Cohab 2 Itaquera. Foi lançada, dia 5, a cartilha sobre a Lei Maria da Penha. No dia 8 de março, período da manhã, debate na sede da CUT Nacional sobre a questão da mulher. Á tarde, caminhada na avenida Paulista, organizada em conjunto com outras entidades.
 
Debates
É importante ressaltar que a luta pela igualdade de gênero obteve avanços nos últimos anos.
No ramo químico, consolidou-se a Secretaria de Gênero, encarregada da implantação de políticas específicas para a mulher trabalhadora.

No Setor Farmacêutico foi constituído um Grupo de Trabalho de Gênero, formado por representantes da categoria e dos empresários, para debater exclusivamente as reivindicações femininas.

A criação, pelo governo Lula da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, comandada por Nilcea Freire representa também um avanço, pois essa secretaria elaborou, pela primeira vez no Brasil, um Plano Nacional de Política para as Mulheres, com ações públicas específicas, que envolvem o governo federal, governos estaduais e municipais.

No entanto, apesar desses avanços, a sociedade ainda está longe da plena igualdade de gênero. A mulher ainda sofre discriminação no ambiente de trabalho; é preterida em promoções para cargos de maior importância, mesmo quando melhor qualificada; recebe salários inferiores ao dos homens, mesmo exercendo a mesma função.

Sem contar que as mulheres exercem a dupla jornada. Em casa são as primeiras a se levantar e as últimas a se deitar. Por uma questão até cultural, a maioria dos companheiros não participa das atividades domésticas.