Opinião: campanha salarial, para quê?
Há 22 anos na campanha salarial obtivemos avanços importantes. As conquistas foram: redução da jornada de trabalho sem redução salário, reposição das perdas da inflação e aumento real. A partir daí as campanhas se reduziram à luta pela reposição das perdas. Houve avanços, como a redução da jornada de trabalho para o setor farmacêutico, em 2004, embora insuficiente.
Verificamos nesse período os avanços tecnológicos que resultaram no processo de automa-ção, e a implantação de nova forma de gerenciamento. Esses dois fatores contribuiram para a elevação da produtividade, sem aumentar o número de trabalhadores. Esse fenomeno verificamos em todas as empresas dos mais diversos setores de produção, que cada vez mais demitem, em vez de contratar.
Em nossa categoria, por exemplo, no setor plástico as máquinas injetoras produzem dez vezes mais, e imprimem todas as cores numa única operação. Não somos contra a automação, queremos evolução tecnológica, mas que sejam em benefício dos trabalhadores e de toda a humanidade.
Essas mudanças trouxeram danos irreparáveis à saúde dos trabalhadores. Na porta da fábrica ou no serviço médico do Sindicato, trabalhadores mostram braços debilitados, mãos que não conseguem fazer força. Tudo isso por conta do alto ritmo de trabalho. Há casos em que os braços (principalmente das mulheres) são meramente enfeites. Isso é mutilação sem sangue. O movimento sindical não fez nenhum movimento mais contundente no sentido de criminalizar os patrões para colocar fim a essa situação.
Temos que bucar novas formas de fazer a Campanha Salarial. É preciso mobilizar e buscar novas conquistas, como redução da jornada sem redução de salários, condições de trabalho digno, o fim desse sistema de produção que mutila trabalhadores.
Não adianta participar do circo que se transformou as negociações, em que o artista é o sindicalista. É hora de mudar, construir uma nova Campanha Reivindicatória para promover melhores condições de trabalho e colocar fim à opressão imposta sobre os trabalhadores.