Farmacêuticas faturam alto com kit Covid que não funciona
A Hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e vitamina D, remédios ineficazes no combate à Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas defendidos por Bolsonaro, estão enriquecendo ainda mais as indústrias farmacêuticas. Sete grandes farmacêuticas registraram um lucro bilionário com a ajuda do presidente, árduo defensor do uso dessas substâncias inúteis para o que ele chama de tratamento precoce para a doença.
Um levantamento do jornal Folha de São Paulo, publicado nesta terça-feira (13) com base em documentos sigilosos enviados à CPI da Covid, mostra as farmacêuticas EMS, Farmoquímica, Momenta Farmacêutica, Abbott, Sandoz, Cristália e Supera Farma mais do que dobraram seus faturamentos com a venda desses remédios. De janeiro de 2020 (ano em que começou a pandemia) a maio de 2021, o lucro chegou a R$ 482 milhões contra R$ 180 milhões, em 2019.
Segundo o jornal, as farmacêuticas Apsen, Vitamedic e Brainfarma não enviaram dados fechados de seu faturamento para a comissão, então o valor total pode ter ultrapassado R$ 1 bilhão.
Já o desembolso dos brasileiros somente com a cloroquina cresceu 358%, durante a pandemia, de acordo com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma).
Entre as empresas que faturaram com o chamado Kit Covid somente a EMS obteve lucro de R$ 142 milhões com a venda desses medicamentos – um crescimento de 709% em 2020 em relação a 2019. Tanto a EMS como a Aspen foram favorecidas por Bolsonaro que chegou a pedir num telefonema, em abril do ano passado, ao primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi, que ele ajudasse a enviar ao Brasil a matéria-prima da hidroxicloroquina para o uso no tratamento da Covid.