Desemprego e inflação disparam e população empobrece
O índice de desemprego no país é o mais alto da história. Se somarmos os 14,8 milhões de pessoas desempregadas as 6 milhões de desalentadas e mais as 33,2 milhões de subutilizadas, são 54 milhões sem trabalho decente. O recorde de desemprego no primeiro trimestre de 2021, foi divulgado no final de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quem perdeu o emprego sofre, além da perda de renda, com o aumento da inflação. Não é só a comida, está tudo mais caro. É um efeito cascata que destrói a renda das famílias. Só a conta de luz aumentou 5,37% no mês de maio e deve subir mais 20% com bandeira tarifária vermelha.
O preço do arroz subiu mais de 74%, as carnes 60% e os óleos 64%. Em média, a alimentação no domicílio subiu 23,5%.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou maio em 0,83%, após ter ficado em 0,35% em abril. É a maior alta para o mês em 25 anos. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 8,06%.
De acordo com o economista da Unicamp, Marcelo Manzano, a piora da economia brasileira já vinha desde o governo de Michel Temer que seguiu a linha liberal de não interferência nos preços, mas é Paulo Guedes, o atual ministro da economia, o maior defensor dessa política.
“O governo deixou de fazer uma lição básica, não fez estoques reguladores de alimentos, que devem ser comprados quando seus preços estão em baixa e colocar no mercado com os preços em alta, para evitar aumentos ainda maiores”, afirma o economista.
Segundo Manzano, a falta de estoques reguladores aliado à desvalorização do real muito rápida que provocou reajustes nos produtos importados no Brasil, gerou uma onda de aumentos de preços que atinge em especial os pobres.
A classe média também está empobrecendo e os mais pobres estão cada vez mais pobres. Pesquisas e estudos econômicos de diversos institutos comprovam que a economia brasileira só produz desempregados, famintos e concentração de renda com os ricos cada vez mais ricos. “O resultado de toda esta catástrofe é o aumento da desigualdade social”, diz Manzano.
A pesquisa “Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social ), divulgada esta semana, confirma o empobrecimento. A pesquisa mostra que a renda média per capita caiu 11,3%, de R$ 1.122 foi para R$ 995. A renda média móvel, individual do trabalho caiu 10,89% no primeiro trimestre de 2021, frente a igual período de 2020. Entre os mais pobres, a baixa foi ainda maior, de 20,81%.