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Postado em: 24/04/2008 - 07h44 | Hélio Rodrigues

A decisão de elevar o juro empurrou o Brasil de volta ao topo da lista

Assistimos nos últimos anos a duas formas de transferência de renda bastante diferentes. Uma para os pobres e outra para os ricos. Talvez a mais conhecida seja o Bolsa-Família, que transfere cerca de 9 bilhões de reais para 11 milhões de famílias, e por isso vem sendo muito atacado pela direita. A outra  é o pagamento da Dívida Pública, que repassou 150 bilhões de reais para 70 mil famílias (só no ano de 2007), conforme estudo do professor Marcio Pochmann, da Unicamp. Isto significa que cada família rica recebeu dos cofres públicos cerca de 2 milhões de reais, enquanto no programa dos pobres o repasse foi em média de 80 reais por família. Esse disparate se deve a taxa de juros da dívida pública  (selic) que remunera as aplicações financeiras e que engorda a elite parasitária deste País.

As Centrais Sindicais, que no dia anterior à reunião do Copom assinaram nota conjunta contra o aumento dos juros, condenaram a decisão. “Juros altos seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo. Elevá-los ainda mais seria impor novos obstáculos ao desenvolvimento com distribuição de renda e valorização dos trabalhadores. Imporia redução no ritmo de geração de empregos. Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, “É lamentável que o Copom tenha desprezado a vontade da imensa maioria da sociedade”, repudiou.

A elevação da taxa básica de juros de 11,25% para 11,75% ao ano, anunciada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi repudiada por trabalhadores, movimentos sociais e outros setores da sociedade. Com o aumento de 0,5% em termos reais – descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses – o Brasil se isola na liderança mundial com taxa de 7,1%, deixando para trás a segunda colocada, Turquia, com 5,6%.

O Banco Central, ao anunciar o aumento na taxa de juros (taxa Selic), mandava uma mensagem aos futuros investimentos: a de que a ampliação da produção e o conseqüente aumento da oferta de emprego de carteira assinada podem ser subordinados aos interesses do capital especulativo, ou seja, é muito mais seguro continuar tendo o seu capital valorizado pelos juros da Dívida Púbica do que gerar mais emprego e aumentar o consumo.

Portanto, essa medida ortodoxa do Banco Central de aumentar os juros para conter a inflação (como se não existissem outras maneiras de controlar a inflação, como, por exemplo, o controle das importações) engorda os bolsos da elite parasitária e lança à sorte milhões de brasileiros, por meio do aumento do desemprego. Não é possível que dentro de um governo que lutamos muito para eleger, a direta conservadora e parasitária continue privilegiando interesses de uma minoria em detrimento de toda uma nação.