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Postado em: 25/02/2005 - 08h00 | Redação

Assédio Moral: Repressão psicológica no local de trabalho

O Sindiluta conversou com Carlos Augusto Lopes da Silva, 37 anos, casado, supervisor de expedição vitima de assédio moral numa indústria plástica, em São Paulo. Ele conta as conseqüências para sua saúde física e emocional e onde encontrou apoio.

Sindiluta: Como você sentiu o assédio moral no seu trabalho?
Augusto: Trabalho numa empresa familiar. No início foi tudo bem, o patrão queria que eu organizasse o setor de expedição. Os chefes dos outros setores não gostavam de mim, especialmente o chefe do departamento pessoal da empresa e sua secretária e me perseguiam, faziam tudo para me desmoralizar. As pressões ficaram piores quando o patrão começou a me cobrar pelos erros dos outros setores e sempre falava aos gritos e com ofensas. Tudo isso vai aos poucos desestruturando a gente. O patrão começou a pressionar para que eu controlasse toda produção, produto por produto, e ainda me fazia de 3 a 4 pedidos ao mesmo tempo e queria que desse conta de tudo. Em seguida me mudaram de função, de chefe de expedição me passaram para estoquista, tinha que trabalhar em pé o dia todo e por último me mandaram limpar os produtos quebrados que estavam jogados num galpão abandonado. Minha situação ficou tão crítica que eu tinha vergonha de entrar na empresa junto com os outros funcionários. Só em ouvir os berros do patrão eu estremecia

Sind: Quais conseqüências no seu cotidiano, para sua saúde?
Augusto: Entrei em depressão, tive síndrome do pânico e um forte distúrbio gastro intestinal, erisipela, vitiligo e psoríase que são geradas por um forte desgaste emocional. Em casa não tinha animo para nada, tive problemas no relacionamento com minha mulher. Não saia, tinha medo de tudo. Na empresa o patrão me vigiava no refeitório e até no banheiro. Havia momentos em que eu não tinha sequer forças para levantar a cabeça.

Sind: Como reagiram seus colegas de trabalho?
Augusto: Os que eram controlados pelos chefes viviam fazendo chacotas de mim, os colegas da minha equipe de trabalho também foram perseguidos e sofreram as mesmas pressões que eu. Outras pessoas que se aproximavam ou citavam meu nome eram logo advertidas e também perseguidas. É preciso deixar claro que todos os funcionários da empresa que não entram no esquema da empresa são perseguidos, humilhados pelos chefes e patrões. Duas companheiras que também estão afastadas da empresa participam comigo do grupo de assédio moral aqui no Sindicato, a Cleonice e a Elizabeth, sofreram as mesmas perseguições e humilhações a ponto de terem problemas sérios de saúde.

Sind: Onde encontrou ajuda e solidariedade?
Augusto: Foi no Sindicato que descobri que o que aconteceu comigo foi assédio moral. Ao ler no Sindiluta sobre o assunto, resolvi procurar ajuda. Conversei com um diretor do Sindicato, que me encaminhou para a médica do trabalho, Dra. Margarida Barreto e a partir daí denunciamos na Delegacia do Trabalho, no Ministério Público, no INSS. Entrei para o grupo de assédio moral coordenado pela Dra. Margarida.

Sind: O que as pessoas que sofrem assédio moral devem fazer?
Augusto: Na empresa que eu trabalho, quanto em muitas outras, essa é uma situação de extrema gravidade que precisa ser denunciada, mas as pessoas têm medo de represálias. Quem sofre essa violência que é o assédio moral não pode ficar calado. É preciso denunciar e o caminho é o Sindicato. Toda ajuda que precisei encontrei no Sindicato, que é nossa arma contra a violência praticada pelos patrões contra nós, trabalhadores.

Seminário Nacional
Saúde Mental, Trabalho e Assédio Moral

14 e 15 de maio

Local: Sede Central do Sindicato Rua Tamandaré, 348 – Liberdade
Dia 14 às 17h
Dia 15 às 8h

Informações: 3209-3811 r. 216