SINDICATO NO WHATSAPP

Notícias

Voltar
Postado em: 17/10/2007 - 10h25 | Redação

Entrevista: Sacolas plásticas: "podem ser recicladas e gerar energia"

Sindiluta: Vereador Chagas, de repente a sacola plástica, ao que parece, tornou-se a vilã da questão ambiental, o que o senhor acha disso?

Ver. Francisco Chagas: A sacola plástica se tornou vilã apenas para a Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. Mas para a sociedade em geral, ela é muito importante. Na verdade, do ponto de vista ambiental, a cidade tem problemas muitos maiores, com danos muito mais efetivos do que os ocasionados pelas “sacolinhas”. Elas, inclusive, podem ser recicladas, como qualquer outro material plástico. Procura-se, desta forma, achar um “bode expiatório”. A população em geral não conhece outra maneira de acondicionar seu lixo que não seja através da sacola plástica de supermercado. Não existe uma política pública para que elas sejam substituídas.

Sindiluta: Como a Comissão de Estudos da Concessão dos Contratos do Lixo da Câmara Municipal de São Paulo, da qual o senhor faz parte, tem encarado esse dilema? De um lado, a preservação ambiental, substituindo o plástico convencional pelo biodegradável e de outro, a manutenção dos postos de trabalho na indústria plástica.

Ver. Francisco Chagas: Não há dilema neste tema. Trata-se de um falso dilema. O que existe, na verdade, é o “apagão do lixo” no município de São Paulo com a suspensão dos contratos entre a Prefeitura e os Consórcios que fazem a coleta e destinação do lixo na cidade. Houve no atual governo uma grave perda de investimentos na área e o adiamento de programas fundamentais como o da coleta seletiva, do sistema de compostagem, no estímulo às cooperativas de reciclagem e da coleta porta a porta nas favelas. Os investimentos tiveram perdas da ordem de 39%. Isso sim tem ocasionado verdadeiras perdas para o meio ambiente em São Paulo.

Sindiluta: Com a tendência de substituição do plástico convencional pelo biode-gradável, é possível vislumbrar como seria essa transição, em especial no que diz respeito ao emprego neste setor industrial?

Ver. Francisco Chagas: Se acabarmos com a produção das embalagens plásticas, aí sim teremos uma perda de 20 mil postos de trabalhos na cidade de São Paulo. Somos contra a idéia de que devemos suspender a produção. O que defendemos é que é possível produzir as sacolas plásticas ou qualquer outro produto plástico e simultaneamente transformá-los em materiais reutilizáveis. Esta idéia, sim, é que foi abandonada pela atual administração. O município deve retomar os contratos firmados durante o governo da ex-prefeita Marta Suplicy, que previa a coleta seletiva na cidade de São Paulo. A suspensão deles é que foi muito prejudicial para o município. É necessário que eles sejam retomados sem este falso dilema em torno das sacolas plásticas. Este tema sim é o mais importante.

Sindiluta: Fala-se muito na decomposição do plástico convencional que vai para o lixo. Existe algum estudo mais apurado sobre o real significado e “peso” poluidor deste material no solo?

Ver. Francisco Chagas: Os estudos existentes apontam para o total reaproveitamento em termos de reciclagem, utilização e poder de geração de energia a partir dos resíduos plásticos. E isso não é diferente em relação às sacolas plásticas. Elas podem ser recicladas, como qualquer outro material plástico. Este aspecto é que deve ser evidenciado em termos de política pública de meio ambiente. Um programa sério de coleta seletiva, com certeza, será muito mais eficaz do que simplesmente criminalizar as sacolas plásticas.