Descontrole da pandemia no Brasil é assunto no mundo
Esta semana o Brasil registrou recordes tristes de mortes por Covid-19. Na terça (2), foram mais de 1.600 mortes e nesta quarta (3), foram 1910 mortes. A falta de ações concretas do governo para conter a pandemia chocou o mundo e o Brasil foi tema de reportagens nos jornais New York Times e The Guardian. Em ambas reportagens, cientistas alertaram que a pandemia no Brasil se tornou uma ameaça global, com o risco de gerar novas variantes do vírus e mais letais.
O sistema de saúde do país está em colapso, trabalhando com mais de 95% da sua capacidade e em algumas regiões, centenas de doentes aguardam leitos. Ainda assim, Bolsonaro voltou a criticar as medidas de enfrentamento à Covid-19 e afirmou que “no que depender dele”, o país nunca terá um lockdown.
Para o médico e neurocientista, Miguel Nicolelis, o Brasil pode entrar na maior tragédia humanitária do século XXI se nenhuma medida eficaz for tomada. “Nós vamos entrar numa situação de guerra explícita. Nós podemos ter a maior catástrofe humanitária do século XXI em nossas mãos”, afirmou o médico, em entrevista ao jornal El País.
Ele também afirma que, de acordo com seus cálculos, nos próximos dias o país poderá registrar 2.000 mortes diárias. A fala dele foi antes do Ministério da Saúde divulgar 1.910 mortes, mais um recorde. “A possibilidade de cruzarmos 3.000 nas próximas semanas passou a ser real e aumentar o número de leitos já não adianta. A única saída é decretar um lockdown nacional pelas próximas três semanas”, disse o cientista.
Números da pandemia
Segundo os dados do Ministério da Saúde, foram registradas 1.910 mortes por Covid-19 em 24 horas – o maior número desde o início da pandemia, em fevereiro do ano passado. O recorde anterior foi batido na terça (2), dia em que morreram 1.641 pessoas. Ao todo, 259.271 brasileiros perderam a vida para a doença causada pelo novo coronavírus e o total de contaminados chegou a 10.718.630, em 24 horas foram registrados 71.704 novos casos.
A situação é grave em sete estados, onde a ocupação está acima de 90% nos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). São eles: Santa Catarina e Acre, com 94%; Paraná, Goiás e Sergipe, os 3 estados com 92%; Ceará e Rio Grande do Norte, com 91%. Já nos estados do Rio Grande do Sul e Rondônia a ocupação na UTI está em 100%.
Minas Gerais, Roraima, Amapá e Piauí estão com 76%. São Paulo e Espírito Santo têm ocupação de 75%. Alagoas e Rio de Janeiro estão com 72%. O Rio de Janeiro, com situação mais estável, chegou a 64%.
Mato Grosso do Sul, com 90%; Distrito Federal, com 89%; Mato Grosso, com 88%; Maranhão, com 86%. Tocantins apresenta 84% de ocupação. Amazonas, Para e Bahia chegaram a 82%.