CUT, centrais, movimentos sociais e partidos lançam plano emergencial por empregos
A CUT, demais centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos de oposição se reuniram na manhã desta segunda-feira (18) para apresentar planos emergenciais em defesa da geração de emprego e desenvolvimento. As propostas são contrapontos às políticas neoliberais do governo de Jair Bolsonaro, idealizadas pelo ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes.
Durante o evento os participantes lançaram a Jornada Unitária Nacional de Lutas, cuja primeira ação será dia 26 de novembro, em Brasília, quando será realizado um encontro de Servidores Públicos e de Estatais para debater o ataque a todo o setor público.
“Depois do encontro vamos lançar um plano em defesa do setor para esclarecermos à sociedade sobre o que representam as privatizações e fazer o enfretamento contra a entrega do patrimônio público dentro do Congresso”, anunciou o presidente da CUT, Sérgio Nobre.
A atividade desta segunda, realizada na sede do Sindicato dos Químicos, foi organizada pelas centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical, Intersindical Instrumento de Luta, CSP-Conlutas, CGTB, além dos movimentos sociais ligados às frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e os partidos políticos de oposição PT, PSB, PCdoB, PDT, PSOL e Rede.
Para a abertura do encontro foram convidados sindicalistas internacionais. Tama Muños da Central Unitária de Trabalhadores do Chile (CUT-Chile) e Roberto Baradel da Central de Trabalhadores Argentinos realcionas às lutas de países latinoamericanos contra ditaduras e políticas neoliberais ao mimento pelo qual passa o Brasil.
Entenda os planos apresentados:
1 – Plano da CUT e demais centrais sindicais
Um dos planos emergenciais usa como base a Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora elaborada pelas principais centrais sindicais. A agenda contém 23 pontos que os sindicalistas consideram fundamentais para o Brasil retomar o desenvolvimento com geração de emprego e renda, e para sair da recessão.
Os principais eixos desse plano são a ampliação do emprego de qualidade, a proteção aos desempregados e políticas emergenciais de redução de preços de alimentos e apoio às famílias em momentos de crise econômica.
Com base em estudos do Dieese, as centrais deixaram claro que as principais ações a serem tomadas começam pela retomada das obras públicas, a redução da jornada de trabalho e a preservação da política de valorização de salário mínimo, exterminada pela Medida Provisória (MP) 905, do governo Bolsonaro.
O presidente da CUT, Sérgio Nobre afirmou que a iniciativa privada nunca fez os investimentos necessários para o país crescer e as multinacionais não têm interesse, a não ser o mínimo. E que, em toda a história, quando o país viveu momentos de crescimento, houve o impulso do Estado.
“Sou de São Bernardo do Campo e lá, no ABC [paulista], mesmo com grandes indústrias multinacionais, todas as grandes obras de infraestrutura foram feitas com recursos federais”, conta o dirigente.
Entre as políticas de proteção aos desempregados, as centrais sugerem aumentar o número de parcelas do seguro-desemprego, vale transporte para os desempregados além de outros subsídios (como vale gás e vale energia elétrica). A proposta vai na contramão do que fez Bolsonaro com a MP 905 que determina a taxação das parcelas do seguro-desemprego em 7,5%, prejudicando ainda a situação econômica vulnerável de quem perde o emprego.
2) Plano dos partidos de oposição
Os partidos da oposição (PT, PSB, PCdoB, PDT, PSOL, Rede) criaram o Plano Emergencial Emprego e Renda. Partindo da premissa de que a sociedade paga a conta da crise enquanto o governo corta investimentos e acaba com direitos trabalhistas e previdenciários, o plano se constituiu na união de vários projetos que tramitam na Câmara, elaborados para beneficiar os trabalhadores.
A deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, representando a frente de partidos, explicou que a iniciativa visa unir todos os projetos em um ‘pacote’. “Unimos todos esses projetos para pedirmos tramitação mais rápida no Congresso”, explica.
O plano dos partidos de oposição, assim como o das centrais, inclui a retomada de oito mil obras públicas paradas em todo o território nacional, reativação do programa Minha Casa Minha Vida, retomar o emprego com frentes emergenciais em parcerias com estados e municípios, expansão do Programa Bolsa-Família, além de garantir renda com a manutenção da política da valorização do salário mínimo mais um bônus de 5% no fim deste ano.
Gleisi alertou para a luta que tem que ser travada diariamente também no Congresso Nacional. “Enquanto Bolsonaro e seus filhos inflamam a população com o discurso de ódio, Paulo Guedes está aprovando no Congresso as medidas que eles querem e colocando a agenda liberal em curso”.
Por isso, para a deputada, a união dos movimentos sociais, sindical e partidos de oposição, bem como suas ações, são fundamentais. “Temos que ter ações no Congresso e enfrentamento porque é a vida do povo que está em jogo, povo que está desempregado, com fome e já são mais de 13 milhões na miséria no Brasil”, disse Gleisi.
3 – Plano dos movimentos sociais
João Paulo Rodrigues do Movimento dos Trabalhadores e Trabalharas Sem Terra (MST), representando os movimentos sociais, também apresentou uma alternativa de plano para a retomada do emprego com geração de renda, que prioriza o trabalho e a educação no campo, com destaque para a juventude e propõe além de uma reforma rural (agrária), uma reforma urbana, com mais investimentos em saneamento.
O Chile é aqui
Durante o encontro, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, alertou que as políticas neoliberais implantadas no Chile, durante a ditadura militar de Augusto Pinochet, são as mesmas que estão sendo implementadas no Brasil pela dupla Bolsonaro-Guedes.
“Estão anunciando medidas que não levarão 30 anos, como no Chile, para levar-nos ao caos. Vamos viver rapidamente um caos aqui. Acho que no ano que vem já vamos sentir de maneira mais grave o que está acontecendo. É só ver nas grandes cidades o número de famílias vivendo nas ruas e nas calçadas, coisas que já havíamos acabado”, disse o dirigente se referindo ao aumento da miséria e do povo em situação de rua.
Sérgio também criticou a intenção de reformular a estrutura sindical no Brasil, tendo como modelo a do Chile, onde a representação é feita por empresas e não coletivamente. “Lá, cada dez pessoas montam um sindicato e isso enfraquece a organização”.
“Não duvidem da capacidade deles de fazer maldade, mas estamos no caminho correto porque construímos a unidade e, agora, estou cada vez mais convencido que gente só supera essa crise indo a todos locais, não só nos locais de trabalho. Já fizemos atividades e continuaremos fazendo”, disse Sérgio.